
EUA ataca o bloco porque quer “dividir para reinar”. Lula está certo: O Brasil só tem a ganhar com a diversificação de suas relações com o mundo
O Brasil só tem a ganhar com a consolidação do BRICS, que é um grupo de grandes países que se uniram num poderoso bloco econômico e geopolítico – que só faz crescer – para propiciar o fortalecimento do comércio e da interação econômica no chamado Sul Global. O objetivo do grupo é o desenvolvimento econômico e social de todos e o nascimento de um sistema financeiro internacional mais equilibrado.
Os Estados Unidos atacaram o BRICS e ameaçou taxar os países membros do grupo e também qualquer outro que se relacione com ele. O ataque ao BRICS mostra que a Casa Branca, mesmo em grave declínio econômico, tem em mente tentar dividir os países do “Sul Global”, que reúne a maioria absoluta das nações do mundo. A união dos países do mundo visa mudar a realidade de economias sendo sufocadas por um sistema financeiro desequilibrado, injusto e dominado pelo sistema do dólar.
O governo brasileiro reafirmou seu compromisso em fortalecer o BRICS, mesmo diante das ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump. O assessor de política externa d presidente Lula, Celso Amorim, disse, neste fim de semana, em entrevista ao Financial Times (FT), que tais ataques ao BRICS reforçam a intenção do Brasil de manter relações o mais diversificadas possíveis e não depender de um só país.
Amorim rebateu as alegações de Trump de que os BRICS tenham um cunho ideológico e reforçou a missão do bloco em promover uma ordem global multilateral mais equilibrada. O assessor de Lula também pediu que a União Europeia (UE) ratifique rapidamente o tratado comercial com o Mercosul, defendendo que isso traria ganhos econômicos e geopolíticos. “Se a União Europeia fosse inteligente, o ratificaria não apenas pelo ganho econômico imediato, mas também por mais equilíbrio em suas relações”, disse Amorim.
Recentemente o presidente Lula anunciou também uma grande aproximação do Brasil com o México para o fortalecimento de suas economias diante da febre tarifária de Trump. Já o assessor de Lula mencionou ainda o interesse do Canadá em firmar acordos com o Brasil e prevê que o último ano do governo Lula será marcado por foco na integração sul-americana.
Segundo Amorim, o presidente norte-americano se destaca negativamente por não possuir sequer interesses, mas apenas desejos, em uma postura que reflete um uso absoluto e autoritário do poder.
Durante a Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, o presidente Lula, que preside o grupo, afirmou que o sistema financeiro internacional contemporâneo é centralizado nas estruturas do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial e que essas estruturas não estão atendendo as necessidades dos países membros. “Não é para emprestar dinheiro e os países irem à falência como tem acontecido. O modelo de austeridade que tem sido feito com os outros países é fazer com que a dívida seja impagável cada vez mais”, argumentou o presidente.
“O que nós queremos mudar é criar um novo sistema financeiro, e o Banco dos BRICS serve de modelo, para que a gente possa criar um novo tipo de financiamento, mais justo”, defendeu Lula . O BRICS hoje já representa mais de 40% do PIB mundial e metade da população do mundo. Além do Brasil, fazem parte do grupo como membros plenos, Rússia, Índia, China, África do Sul, o Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã, Indonésia e Arábia Saudita. Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã são membros ainda não plenos.
O fortalecimento do Brics agora se torna ainda mais necessário para, inclusive, ter resistência à chantagem do deputado filho do Bolsonaro junto ao louco do Trump, que de lá trabalha na busca de punição para quem deseja um Brasil livre para tomar suas decisões de justiça e negócios comerciais.