Fracassa ato de Bolsonaro e chovem explicações furadas

"Flopou" o ato bolsonarista na Paulista (Foto: Reprodução - Globonews)

Apenas 12,4 mil estavam presentes. Tese da anistia para os golpistas é rejeitada pela população brasileira. 56% dos brasileiros são contra a anistia dos envolvidos nos atos golpistas

A segunda-feira (30), último dia do mês de junho, amanheceu com um intenso debate sobre as causas do fracasso do ato bolsonarista na Avenida Paulista, ocorrido na tarde de domingo (29).

As teses tentam jogar a responsabilidade, desde o início das férias escolares, passando por ser final de mês, e a culpa recaiu até mesmo no campeonato mundial de clubes. Mas o que, de fato, ocorreu é que a população resolveu não comparecer. Foram, segundo analistas, apenas 12,4 mil pessoas no auge da manifestação.

Os números são do Monitor do Debate Político do Cebrap e da Universidade de São Paulo, junto com a ONG More in Common. A contagem foi feita no pico da manifestação, às 15h40, a partir de fotos aéreas analisadas com software de inteligência artificial.

Antes do ato, o pastor Silas Malafaia, organizador do evento, tentou se antecipar às críticas ao fracasso, ponderando que “tamanho não é documento”. “Estamos aqui para marcar posição. É menos importante o número do que eu vou dizer aqui”, justificou.

Outro que tentou minimizar o prejuízo político pelo ato ter flopado foi o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Ele justificou a falta de público dizendo que a data da manifestação foi decidida pelos organizadores já sabendo dos riscos do público ser menor que o de outros atos. O protesto foi convocado por Jair Bolsonaro em 14 de junho, ou seja, 15 dias antes do evento, o que desmente os que creditaram o fiasco ao intervalo pequeno e o pouco tempo de convocação.

Outro fato ocorrido durante a manifestação que irritou os organizadores foi a presença de uma pequena multidão de jovens skatistas que protestaram contra Bolsonaro. Os jovens marcharam por dentro da manifestação gritando palavras de ordem contra os golpistas. Numa determinada altura eles começaram a se dirigir diretamente a Bolsonaro dizendo: “ei, Bolsonaro, vai tomar no c…”.

Jair Bolsonaro (PL), que está sendo julgado por vários crimes, sendo o mais importante, a tentativa de golpe de Estado, atacou o Judiciário e negou, pela enésima vez, que tenha tentado dar o golpe quando perdeu as eleições de 2022.

Mesmo com provas contundentes de que ele tentou arrastar as Forças Armadas para sua aventura, que previa o assassinato do presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, do STF, Bolsonaro jurou que respeitou a Constituição. Ele já está inelegível até 2030 por causa de duas condenações do Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder.

A maioria dos oradores atacou o STF e pediu anistia aos golpista. A pesquisa Genial/Quaest, feita recentemente, apontou que 56% dos brasileiros são contra a anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, preferindo que continuem presos e cumpram suas penas. Apenas 18% acham que os envolvidos deveriam ser soltos porque nem deveriam ter sido presos. Tanto a pesquisa quanto o fracasso do ato mostram que a população está convencida de que Bolsonaro tentou um golpe de estado e, por isso, não merece anistia.

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