Os atos convocados pela milícia de Bolsonaro para esta quarta-feira (31) pelos 57 anos do golpe de 64 e pedindo intervenção militar fracassaram em todo o país.
Os milicianos se aglomeraram em São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades, em atos ínfimos, pedindo intervenção militar, ou seja, um novo golpe.
Os atos foram convocados para fazer provocação em frente aos quartéis militares de várias capitais e cidades brasileiras.
Os encontros fascistas tiveram de tudo: bate-boca entre eles, insultos e até tapas foram registrados.
Em São Paulo, o ato ocorreu próximo ao Comando Militar do Sudeste, ao lado da Assembleia Legislativa do Estado.
Um grupo de provocadores tentou forçar a entrada do quartel e foi contido pelos militares. Muitos do grupo de algumas dezenas de pessoas estavam sem máscara e sem respeitar o distanciamento social.
Defendiam intervenção militar com Bolsonaro no poder e gritavam palavras de ordem anticomunistas. Além disso, questionavam a eficácia das vacinas contra a Covid-19 e defenderam o uso da cloroquina.
Além disso, puxaram um minuto de silêncio em respeito à morte do policial militar baiano que foi morto durante um surto no qual tentou atirar contra seus próprios colegas. Um deles disse que o policial “deu sua vida pelo povo”.
No Rio, o ato aconteceu na orla de Copacabana, onde e os milicianos, em número um pouco menor que o de São Paulo, pediam intervenção militar e agrediram um jovem que criticava a manifestação. Cercaram o rapaz, o empurraram e o estapearam aos gritos de “vai pra Cuba”, “maconheiro”.
As faixas do grupo diziam para que Bolsonaro usasse as Forças Armadas para “auxiliar o povo na defesa da liberdade e das garantias constitucionais”. Em resposta, pessoas passavam e chamaram Bolsonaro de “genocida”, além de falas em defesa da democracia.
Outros gatos pingados compareceram em frente a unidades militares em capitais, como Belém, Natal, Palmas e Curitiba.
Em Belém, a Polícia Militar dispersou os manifestantes que se aglomeravam em frente ao Quartel-General.
Em Palmas, sete apoiadores de Bolsonaro compareceram em frente ao 22º Batalhão de Infantaria, na zona rural.
Em Natal, o ato se deu em frente à sede do 16º Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército (16RI), onde pelo menos 30 pessoas se reuniram para orar, entoar cânticos evangélicos e cantar o hino nacional.
Na segunda-feira (29) pulularam mensagens nas redes sociais de grupos bolsonaristas convocando para manifestações em frente aos quartéis.
Num deles, uma lista de unidades militares mencionadas como local das manifestações foi divulgada com uma mensagem ameaçadora dizendo: “Pauta única: Intervenção militar com Bolsonaro no poder. Chegou a hora”.
Também pelas redes sociais, a resposta à convocação golpista foi grande.
O apresentador Luciano Huck (Sem partido) escreveu que “rupturas institucionais, como o golpe de 64, são retrocessos inaceitáveis”.
Em nota, o PSDB afirmou que o “movimento militar de 1964 foi um golpe de Estado e assim está registrado na história”.
“Os que negam o autoritarismo instalado pela ditadura são os que hoje negam a catástrofe do combate à pandemia”, escreveu o PT.
A presidente do PCdoB, Luciana Santos, afirmou que com o golpe de 64 “teve início uma das fases mais tristes e vergonhosas da história do Brasil”.
O presidente do Cidadania23, Roberto Freire, comentou: “Tempos sombrios e só quem não teve familiar ou amigo perseguido por suas ideias, preso, exilado, desaparecido e morto pela ditadura é quem comemora um regime assassino, também das liberdades democráticas”.
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da Oposição na Câmara, declarou que “nós, da Oposição, não permitiremos qualquer investida autoritária que ameace a democracia!”. “O golpe de 64 foi marcado por tortura, morte e censura – e não há nada para ser ‘celebrado’ nisso. Como bem disse Ulysses Guimarães, “temos ódio e nojo à ditadura””, completou.
O líder do PDT na Câmara, deputado Wolney Queiroz (PE), registrou que “hoje é mais um dia para reforçar a luta pela democracia”. “Há 57 anos, o Brasil iniciava um dos momentos mais sombrios de sua história – a ditadura militar, onde pessoas foram presas, exiladas, perseguidas, torturadas e assassinadas por se oporem ao regime autoritário”, observou.
MAÇONS
Os maçons repudiaram a nota divulgada por uma autodenominada Associação Nacional Maçônica no Brasil (Anmb) convocando manifestações pelo golpe de abril de 1964 e dando “apoio incondicional” a Bolsonaro.
A Anmb foi desmascarada pelos grão-mestres das Grandes Lojas ligadas à Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB). Segundo eles, a associação, criada em 2015 em Brasília, “não é uma organização maçônica regular e reconhecida”.
“O simples fato de manifestarem-se politicamente é, por si, considerado uma irregularidade maçônica”, afirmaram em nota enviada ao site O Antagonista.
Conforme os grã-mestres, a dita associação, “ao fazer apologia à ditadura, afronta a Lei de Segurança Nacional, sendo isso considerado crime no Brasil”.
“Fica externado e registrado aqui nosso repúdio pelo uso indevido do bom nome da sublime instituição maçônica com fins ideológicos, o que contraria nossos princípios mais básicos”, asseveraram.
O coletivo Maçons Progressistas do Brasil (MPB) também divulgou nota reforçando que “nenhuma entidade, pessoa ou grupo — tampouco nós — representa politicamente os maçons brasileiros”.
“A Maçonaria é uma instituição universalista e progressista que luta contra as trevas da ignorância e dos preconceitos e que se dedica a servir humanidade com base no amor, no aperfeiçoamento dos costumes. É guiada pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à crença de cada um. Nestas condições, mantêm-se alheia às paixões, querelas partidárias e sectarismos”, diz a nota
“Repudiamos todas as manifestações antidemocráticas e antirrepublicanas feitas em nome de nossa Sublime Instituição! Ela jamais se prestará – como jamais se prestou – a torpes objetivos!”.