O desempenho da produção industrial em outubro reflete o “alto patamar da taxa de juros”, criticou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na última sexta-feira (1º), após a divulgação da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) de outubro pelo IBGE.
Em outubro, a produção industrial registrou alta de 0,1%, já descontada as variações sazonais. No acumulado em 12 meses, “permaneceu a variação nula (0,0%), um padrão que vem se mantendo ao longo de 2023: setembro (0,0%), agosto (-0,1%), julho (0,0%), junho (0,1%) e maio (0,0%). Em relação ao nível pré-pandemia (fev/2020), a atividade industrial segue defasada em 1,6%”, ressaltou a entidade paulista.
Quando analisado o conjunto de setores, em outubro, a Fiesp aponta que na indústria de transformação, nove atividades apresentaram desaceleração em suas produções (Fraca + Muito Fraca), dez segmentos marcaram estabilidade em relação à média histórica (Neutro) e 5 atividades demonstraram aceleração (Fraca + Muito Fraca).
“De forma geral, o desempenho recente reflete fatores macroeconômicos limitantes, sobretudo o alto patamar da taxa de juros. Mesmo com o início do ciclo de flexibilização da política monetária, o setor deverá começar a sentir os efeitos somente a partir de 2024”, afirma a Fiesp.
Após três cortes de apenas 0,5 pontos pelo Copom do Banco Central (BC), a Selic se encontra hoje em 12,25% mantendo os brasileiros no topo do ranking mundial de pagadores de juros reais (descontado a inflação) e, assim, segue derrubando os investimentos, a demanda de consumos de bens e serviços e freando a geração de novos empregos no país, além de manter o grau de endividamento e de inadimplência das famílias e das empresas nas alturas.
A produção industrial brasileira encerrará o ano de 2023 estagnada, com uma queda de 1% na produção da indústria de transformação, segundo previsões da Fiesp.
“A produção industrial em 2023 deve registrar estabilidade. O resultado, se confirmado, ficará pouco acima do que era projetado pela Fiesp (-0,5%), em função do resultado mais favorável da indústria extrativa, que deve crescer em torno de 6%. Por outro lado, a expectativa para a indústria de transformação deverá ser corroborada, de modo que o segmento tende a fechar o ano com variação negativa de cerca de 1%. Para 2024, a projeção para a produção industrial é de leve crescimento, de 0,4%”, avalia a representante da indústria paulista.