“Macron renuncie!”, foi um grito que ecoou pelas ruas da França na 10ª jornada de protestos convocados pelos Coletes Amarelos. A principal das manifestações foi, mais uma vez, em Paris, com uma multidão desfilando pela avenida Champs Élyseés, que estivera fechada no sábado passado, e também nas proximidades do parlamento francês.
Os demais atos aconteceram principalmente em Caen, Rouen, Estrasburgo, Bordeaux, Toulon, Dijon, Beziers, Avignon e Marselha.
Embora as manifestações desse sábado, dia 19, tenham apresentado uma redução no número de participantes, a decisão dos franceses, de não se dobrarem ao arrocho implementado por Macron e antecessores, esteve representada pelos que saíram novamente às ruas por toda a França. Segundo o Ministério do Interior – de quem os organizadores das manifestações dizem que reduz esse número – 27 mil tomaram o centro das cidades do país.
Na cidade de Avignon, os manifestantes tentaram atear fogo ao prédio da Câmara Municipal ao juntarem lixo que foi incendiado na frente das portas de madeira do prédio, mas não foram registrados danos significativos.
Houve, ao final da marcha, principalmente pacífica, em Paris, confrontos com a polícia com algumas centenas de pessoas atirando garrafas, fogos de artifício e pedras sobre os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água. Segundo a agência Reuters, houve confrontos também na cidade portuária de Marselha.
Uma das faixas portadas por participantes do ato em Paris ironizava a repressão: “Liberdade, Igualdade e balas de borracha”.
De forma geral, a destruição de vitrines e queima de carros que se verificou nas semanas anteriores não ocorreu agora.
Depois do ato, que reuniu perto de 100 mil por toda a França, no sábado passado, dia 12, Macron propôs a abertura de um “grande debate nacional”. No entanto, diversos dos presentes ao ato em Paris, entrevistados pela agência France Press, tratam a proposta como “um grande embuste” visando apenas esvaziar os protestos, que nos momentos de auge, foram designados como o maior levante desde o célebre Maio de 1968.
“O ‘debate’ contradiz tudo o que Macron faz”, declarou um dos manifestantes à rede Russia Today.
Uma mulher, presente ao ato de Paris, sintetizou a desconfiança dos franceses na boa vontade que o presidente tenta demonstrar. “Ouvimos agora um monte de boas palavras, mas vemos poucas decisões que, de alguma forma, melhorem a vida e tragam bem-estar para as pessoas. Deveria haver ao menos uma pequena elevação no padrão de vida. Estamos clamando por socorro há dez semanas. Trabalhamos duro, mas as nossas geladeiras ainda estão vazias. É assim que a gente vive”.