Desafiando a proibição imposta por Macron, pelo menos 30 manifestações contra o racismo e a violência policial foram realizadas na tarde de sábado (08) na França, exigindo justiça para Adama Traoré, um jovem de 24 anos, filho de imigrantes do Mali, que morreu sob custódia da polícia em 2016 num subúrbio da capital francesa. Os protestos também homenagearam o jovem Nahel Merzouk, morto por um policial em um controle de trânsito na cidade de Nanterre, nos arredores de Paris, em 27 de junho último.
Assa Traore, irmã de Adama e uma das organizadoras das marchas que se realizam anualmente desde o crime, exortou os participantes a não deixar que a violência e o racismo os intimidem. “O nosso medo ajuda os criminosos, lhes dá mais força”, afirmou.
Mais de 90 sindicatos, organizações e partidos políticos condenaram a política de discriminação e se somaram à convocação das passeatas em todo o país.
Em Paris, onde o protesto foi fortemente reprimido, os manifestantes se reuniram na Praça da República, um ponto central da cidade onde tradicionalmente acontecem protestos políticos, informou o canal de televisão francês ‘BFMTV’.
“A liberdade de reunião na França, em particular, está ameaçada”, disse Felix Bouvarel, um profissional de saúde que compareceu ao encontro apesar da proibição, o que ele chamou de “chocante”.
Entre as ações hostis, muitos policiais paravam os manifestantes, exigiam documentos e lhes aplicavam multas de 135 euros.
Desde o dia 27, os protestos contra a tragédia ocorrida com Nahel em Nanterre, próxima a Paris, se espraiaram para pelo menos 220 municípios, com a gendarmaria (guarda armada) utilizando veículos blindados para perseguir e reprimir. Foram detidas mais de 3.700 pessoas, incluindo 1.160 menores de idade. Calcula-se que o conflito já gera mais de um bilhão de euros em prejuízos.