
“Não à guerra, sim à paz”, dizia uma das faixas erguidas na concentração na praça do Palais Royal, próxima ao rio Sena
“Macron não queremos sua guerra” entoaram milhares de franceses que tomaram o centro de Paris em protesto contra o envio de € 2 bilhões (R$12,378 bilhões) em munição e equipamento militar para a Ucrânia anunciado por Macron.
A multidão se concentrou na praça do Palais-Royal, perto do museu do Louvre, no sábado, para exigir solução política para o conflito de forma a trazer a paz. Os manifestantes atravessaram um das pontes sobre o Sena bradando e portando faixas destacando palavras-de-ordem como “Não à guerra, sim à paz”, “Não morreremos pela Ucrânia”, “Os franceses pela paz”e “Abaixo a Otan” e “Cansados da UE”.
“Esta não é a nossa guerra! O papel da França é ser um estado mediador e promover a paz, não alimentar guerras”, afirmou Florian Philippot, presidente do movimento Les Patriotes (Os Patriotas) e um dos organizadores da manifestação. “Uma multidão incrível pela paz no chamado de hoje! ‘Macron, renuncie!’ milhares e milhares de franceses estão gritando nas ruas de Paris agora mesmo!”, acrescentou.
A manifestação aconteceu dois dias após a capital francesa sediar uma cúpula de países europeus que se dizem aliados à Ucrânia e foi prometida mais uma rodada de dinheiro para Kiev.
PAÍSES EUROPEUS DECIDEM DAR MAIS DENHEIRO À UCRÂNIA
Anfitrião do encontro, o presidente francês minimizou a falta de acordo sobre o envio de tropas à Ucrânia. Ele destacou, porém, que a manutenção de sanções contra a Rússia e da ajuda monetária à Ucrânia foi aceita por todos — o que foi reiterado por outros líderes presentes, como o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e o premier britânico, Keir Starmer.
Desafiando a opinião de importantes setores, houve o anúncio de um plano conjunto entre a França e o Reino Unido para enviar tropas à Ucrânia como uma “força de garantia” no caso de um cessar-fogo entre Kiev e Moscou. Essa ideia, que Macron já havia levantado em fevereiro,
além de não unânime na União Europeia, foi categoricamente rejeitada pela Rússia, que assinalou que qualquer presença de tropas da Otan, mesmo sob o pretexto de manutenção da paz, equivaleria a uma participação direta no conflito.
A crescente tensão em torno da política militar de Macron e a resposta da população nas ruas ressalta uma divisão na opinião pública francesa em relação à intervenção na Ucrânia. À medida que o governo busca fortalecer seu papel numa suposta ‘defesa da Europa’, muitos cidadãos questionam o custo humano e econômico dessa estratégia, além da correção dessas medidas.