Além de Paris, houve manifestações em Lyon, Nantes, Bordeaux, Metz, Montauban entre outras
Mais de 300 mil pessoas saíram este sábado às ruas de dezenas de cidades da França para protestar contra a atitude do presidente Emmanuel Macron que, passando por cima dos resultados das eleições legislativas de 7 de julho que viram a coligação Nova Frente Popular (NFP) sair vencedora, nomeou Michel Barnier, dos Republicanos (Les Républicains -LR), um partido de direita muito minoritário na nova Assembleia Nacional, como primeiro-ministro.
As manifestações convocadas por organizações juvenis como a União dos Estudantes e a União das Escolas Secundaristas junto com a NFP – composta pelos partidos França Insubmissa (LFI), Partido Comunista Francês (PCF), Partido Socialista (OS), partido verde Ecologista, Place Publique e outros pequenos partidos -, além de vários sindicatos, encheram as ruas de Paris, Estrasburgo, Lyon, Nantes e Bordéus entre outras cidades.
A Place de la Bastille foi o local de concentração em Paris, no ato que reuniu 160 mil pessoas, segundo os organizadores.
“Não importa o que aconteça, votaremos a favor da censura desse governo na Assembleia Nacional”, afirmou o líder do França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, em discurso durante a manifestação na capital francesa, denunciando o “golpe antidemocrático” de Macron. “Barnier Primeiro Sinistro!”, respondeu a multidão em coro.
RENUNCIA JÁ MACRON!
“E desafiamos todos os charlatões que vieram persuadi-los a não votar a favor desta censura. E especialmente aqueles que dizem representar a rejeição do sistema e que são na realidade o seu seguro de vida mais constante. Estou falando do Reunião Nacional, de Marine Le Pen”, frisou.
“Ninguém diz que o Sr. Barnier é o responsável pela situação. Todos dizem que é Macron. Portanto, se Macron é o responsável, é ele quem deve ir embora, mais ninguém! », exortou Mélenchon. “Macron renuncia já! » foi a resposta da multidão. “Esse é o slogan que a partir de agora, em todas as ocasiões e seja qual for o assunto, vamos gritar nas ruas!», concluiu o líder da LFI.
Em Nantes, vários milhares de pessoas marcharam desde a manhã “contra o golpe de Macron”, segundo a Presse Océan. À frente do cortejo, os manifestantes seguram uma faixa: “Só uma solução: impeachment!”
Em Bordeaux, a manifestação “Contra o golpe de Macron” começou na Place de la Victoire percorrendo mais de 5 quilômetros até chegar à principal praça da cidade, Place de la Bourse.
Em Lyon, Laval, Le Mans, Metz, Montauban e outras cidades milhares de pessoas também se manifestaram contra o “golpe de força” de Emmanuel Macron.
No sistema semipresidencialista da França, o presidente e os membros do governo são eleitos separadamente. Barnier deve tentar formar um governo capaz de sobreviver à censura parlamentar, já que lá a Assembleia Nacional pode levar à dissolução do Governo votando uma moção de censura.
Segundo os resultados finais das eleições legislativas de 7 de julho, a NFP conquistou o maior número de cadeiras: 182. O Juntos, do presidente Emmanuel Macron, veio na sequência, com 168. O Reunião Nacional (RN), partido de Marine Le Pen, de extrema-direita, conseguiu 143. Para obter a maioria absoluta e poder liderar o governo, o partido ou coligação precisa de 289 das 577 cadeiras na AN.