Só em Paris foram 400 mil segundo informa a CGT
Com manifestações, bloqueios de estradas, piquetes em fábricas e refinarias, centenas de milhares de franceses tomaram as ruas de França nesta quarta-feira (6) na 11ª jornada de protestos contra o ataque de Macron aos direitos previdenciários dos trabalhadores.
As manifestações ocorreram logo após reunião dos sindicatos com a primeira-ministra da França Élisabeth Borne que rejeitou qualquer mudança na política do governo, que pretende aumentar de 62 para 64 anos a idade mínima da aposentadoria e de 42 para 43 anos o período de contribuição.
Diante da “profunda indignação” contra a reforma previdenciária, o governo “age como se nada estivesse acontecendo” e “vive em uma realidade paralela”, afirmou a secretária-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Sophie Binet, antes da manifestação parisiense. “Não há outra saída senão a retirada desta reforma”, sublinhou, denunciando um “governo bunkerizado” e em “ruptura com o país”. “A sua capacidade de liderar o país é posta em causa”, insistiu, assinalando que “a mobilização vai continuar de uma forma ou de outra” após este décimo primeiro dia de luta.
Sob o repúdio de 76% da população à acintosa imposição da reforma, segundo as principais pesquisas de opinião, o Conselho Constitucional francês anunciou que a aguardada decisão sobre a validade da medida será anunciada em 14 de abril.
Macron se recusa a retirar sua reforma apesar da Intersindical, movimento que unifica as Centrais Sindicais francesas, ter mostrado com base em números oficiais que o orçamento não está desequilibrado e que há muitas soluções para financiar as aposentadorias. “Aumentar salários, criar empregos, tributar dividendos, garantir igualdade salarial, jornada de 32 horas”, que o governo se recusou a debater. “Mesmo que se comprovasse o cenário de déficit de 12 bilhões de euros em 2027 argumentado pelo governo, bastaria um aumento de 0,8% de contribuição para preenchê-lo”, afirma a organização em documento.
“Metade do suposto déficit seria coberto caso se acabe com a diferença salarial de 28% entre mulheres e homens [salário igual para trabalho igual]”, assinalou. “Ao aumentar os salários, automaticamente aumentam as contribuições para a previdência social para financiar as aposentadorias e se garantem melhores direitos à pensão. Mais 5 bilhões de euros para a previdência seriam arrecadados com a contratação dos 400 mil funcionários necessários para o serviço público hospitalar”, acrescenta.