O movimento de protesto “Coletes Amarelos”, que tomou a França desde o final de semana com a realização de mais de 2.000 manifestações, reunindo 350 mil, contra o aumento dos combustíveis promovido pelo presidente Emmanuel Macron, está chamando os franceses a ocupar Paris no sábado, dia 1º de dezembro.
“Não adianta o governo se comportar como se o protesto fosse parar, não aceitamos esse golpe contra nosso orçamento, não vamos sair das ruas”, afirmou Éric Drouet, um motorista de Melun que esteve na origem da convocação do movimento cujo nome remete à cor dos coletes fluorescentes que, por lei, cada motorista francês é obrigado a portar no carro para auxiliar em caso de acidente.
O aumento de impostos que provocou a elevação do preço dos combustíveis levantou a população que cercou grandes depósitos de combustível em vários locais do país, bloqueou estradas e organizou manifestações em pelo menos 2.000 pontos de todo o território francês. O diesel, que é o combustível mais usado pelos franceses, aumentou 23% em 12 meses contra uma inflação inferior a 2%. A manifestação, no entanto, virou um estopim disseminando o descontentamento pelas políticas econômicas de Macron.
“A responsabilidade do governo na atual situação é enorme”, declarou na terça-feira a CGT – Confederação Geral do Trabalho, apoiando a convocação de uma manifestação em defesa do poder de compra para 1º de dezembro em Paris, chamando todos os cidadãos para saírem às ruas reivindicando um salário mínimo de 1.800 euros (é de 1.498,47 euros neste momento), subsídio de transporte pago pelas empresas, IVA (Imposto sobre Valo Agregado) de 5,5% para os “produtos de primeira necessidade” e impostos “justos, tendo em conta os rendimentos”.
No total, a partir do início de 2019, na sequência do aumento dos impostos e preços, as despesas das famílias francesas irão crescer entre 100 e 250 euros por mês (de 430 a 1000 reais), principalmente para aquelas que vivem em zonas afastadas dos grandes centros e têm o carro como único meio de transporte.
Macron foi eleito o ano passado como presidente, em parte porque se tinha candidatado como alguém que vinha de fora do establishment. Um ano e meses depois, a popularidade de Macron e do governo está em queda livre. Segundo a última sondagem do Ifop, publicada na última edição do “Journal du Dimanche”, a popularidade do presidente desceu mais quatro pontos em novembro, estando agora nos 25%.