“A PF não é guarda presidencial”, afirma deputado
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse que, “independente do caráter” da operação da PF contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), “o fato dela ter vazado para uma deputada como a Carla Zambelli (PSL-SP) dá o indício muito forte de uma ação política por trás de uma ação policial, o que seria muito ruim para esse país”.
A deputada bolsonarista anunciou na segunda-feira (25), em entrevista à Rádio Gaúcha, que a Polícia Federal começaria a fazer operações contra os governadores. Na terça-feira (26), a PF fez uma operação de busca e apreensão em endereços ligados ao governador do Rio, Wilson Witzel.
Para Freixo, o vazamento “tem que ser investigado e nós exigimos explicações ao Congresso”.
“O fato de a deputada bolsonarista Carla Zambelli saber de uma operação sigilosa da PF contra um governador de oposição mostra que estamos diante de uma primeira experiência de polícia política em um governo autoritário e golpista. A PF não é guarda presidencial”.
“Isso é algo que precisa ser respondido, é muito grave”, insistiu.
“Uma deputada tomar conhecimento e anunciar com antecipação de que haveria isso nos dá indícios que não são bons no que diz respeito a ação da Polícia Federal. A PF não pode ser uma polícia de governo, ela é muito importante, conta com agentes da maior seriedade, tem uma história importante, não pode ser misturada com propósitos políticos”.
O uso da Polícia Federal para perseguir opositores políticos “inauguraria mais uma etapa da escalada em direção ao fascismo, porque polícia política é uma coisa que o fascismo precisa ter”.
“Esse comunicado, ou esse planejamento, contou com a participação da deputada Carla Zambelli, o que me parece ser uma operação de governo e não de investigação policial. A Carla Zambelli não é da área de segurança pública, ela é braço direito do presidente Bolsonaro, tomou conhecimento desta ação”.
“O presidente Bolsonaro colocou um grau de politização sobre a escolha da superintendência do Rio de Janeiro e sobre a própria Direção-Geral da PF muito grande. Houve uma decisão do Supremo impedindo a nomeação de alguém que é próximo dos filhos [de Bolsonaro]”, lembrou, em entrevista à CBN.
“Nesse contexto, você ter uma operação de busca e apreensão na casa de um governador que foi precedida por uma fala de uma deputada federal, a Carla Zambelli, dizendo que haveria uma operação contra os governadores. Ou seja, era de conhecimento de uma deputada. O que é impossível de acontecer dentro de um campo ético, de um campo republicano”, afirmou.
Marcelo Freixo acredita que “as denúncias sobre desvios na saúde no RJ são graves e precisam ser investigadas, assim como a suposta relação com Witzel. Mas o fato é que Bolsonaro está intervindo na PF e que o presidente do STJ, que autorizou a ação, é muito próximo a ele. A PF não pode virar polícia política”.