
“Esta é uma decisão coerente com o Direito Internacional e as resoluções das Nações Unidas”, comemora a representação palestina
Diante do genocídio praticado pelas tropas de ocupação israelenses desde outubro de 2023, até mesmo os governos do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte), Canadá e Austrália decidiram neste domingo (21) pelo reconhecimento do Estado da Palestina.
O banho de sangue causado pela máquina de guerra sionista, somado à política de “cerco e aniquilamento” que impede a chegada de alimentos e medicamentos, já causou a morte de mais de 65 mil palestinos, feriu outros 166 mil, e deixou milhares deles mutilados – inúmeras crianças. Diante do terrorismo de Estado nazi-israelense, até o momento mais de 140 nações já expressaram o reconhecimento da Palestina e exigindo um basta aos bombardeios.
O Estado da Palestina, formalmente declarado pela Organização para a Libertação da Palestina em 15 de novembro de 1988, reivindica a soberania sobre as partes restantes da Palestina histórica que Israel ocupou em 1967: a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e a Faixa de Gaza. Em 28 de maio de 2024, o Estado da Palestina foi reconhecido pela grande maioria dos Estados-membros das Nações Unidas.
A formalização da decisão partiu do Canadá, seguida pela Austrália e, finalmente, pelo Reino Unido, antiga potência imperial e poder colonial dominante da área em que atualmente se encontram os territórios palestinos – onde veio a ser posteriormente implantada Israel, em maio de 1948.
Conforme o primeiro-britânico Kiir Starmer já havia antecipado esta decisão ocorreria em setembro, perante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), caso o governo Netanyahu não cumprisse condições mínimas como tomar medidas para pôr fim à “situação catastrófica em Gaza”, declarar um cessar-fogo ou garantir a não anexação da Cisjordânia. “Hoje, para reavivar a esperança de paz para os palestinos e israelenses, e uma solução de dois Estados, o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina”, assinalou.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmou reconhecer “as aspirações legítimas e de longa data do povo palestino de ter seu próprio Estado”.
“ISRAEL MATOU DEZENAS DE MILHARES DE CIVIS EM GAZA”, CONDENA CANADÁ
O premiê canadense Mark Carney alertou para a necessidade de agir rapidamente diante de “um governo israelense que está trabalhando metodicamente para impedir a possibilidade de um Estado palestino ser estabelecido”. “Israel tem seguido uma política implacável de expansão dos assentamentos na Cisjordânia, o que é ilegal segundo o direito internacional. Seu ataque contínuo em Gaza matou dezenas de milhares de civis, deslocou mais de um milhão de pessoas e causou uma fome devastadora e evitável, em violação ao direito internacional. Agora, a política declarada do atual governo israelense é que ‘não haverá um Estado palestino’”, enfatizou.
“É nesse contexto que o Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece nossa parceria na construção da promessa de um futuro pacífico tanto para o Estado da Palestina quanto para o Estado de Israel. Embora o Canadá não tenha ilusões de que esse reconhecimento seja uma panaceia, ele está firmemente alinhado com os princípios de autodeterminação e direitos humanos fundamentais refletidos na Carta das Nações Unidas e com a política consistente do Canadá há gerações”, concluiu Carney.
Além dos três países anglo-saxônicos, os governo de Portugal, França e Bélgica também manifestaram a intenção de oficializar o reconhecimento do Estado palestino um pouco antes da abertura da Assembleia Geral da ONU, da mesma forma que Andorra, Luxemburgo, Malta e São Marino.
O tsunami de declarações em defesa da Palestina vem como resposta à covarde ofensiva bélica do governo israelense contra a população civil, cuja denúncia foi sustentada pela Comissão Independente de Inquérito das Nações Unidas e sua conclusão de que Israel vem cometendo genocídio contra a população de Gaza.
Nos últimos meses, o Reino Unido também expressou seu contundente repúdio à expansão planejada de assentamentos perto de Jerusalém Oriental, na área conhecida como E1, que visa destruir qualquer possibilidade de um Estado palestino soberano.
Para o chefe da Missão Palestina em Londres, Husam Zomlot, a decisão britânica representa um “reconhecimento há muito esperado” que “não se trata da Palestina , mas do cumprimento de uma responsabilidade solene pelo Reino Unido”. “Isso marca um passo irreversível em direção à justiça, à paz e à correção de erros históricos”, acrescentou.
Netanyahu divulgou um vídeo na tarde deste domingo (21) respondendo que “não haverá Estado palestino” e acrescentou que “por anos” impediu “o estabelecimento deste Estado terrorista diante de enorme pressão interna e externa”, e que fez isso “com determinação e sabedoria política”. O primeiro ministro israelense disse ainda que conversará com seu “amigo” Donald Trump e alertou a comunidade internacional de que “haverá uma resposta” após seu retorno dos Estados Unidos.
Especialistas de direitos humanos da ONU conclamaram a todos os países a seguir o exemplo da grande maioria das nações e reconhecer o Estado da Palestina e reiteraram a importância dessa medida para os direitos do povo palestino. Além disso, apelaram pelo apoio ao cessar-fogo imediato em Gaza.
Em nota, os especialistas afirmam que a Palestina deve desfrutar de total autodeterminação, incluindo a capacidade de existir, determinar seu destino e se desenvolver com segurança e proteção.