
Scholz, o que sai, não queria mandar mísseis de longo alcance Taurus para que Kiev ameace atingir Moscou, envio que Merz diz que fará
Em segunda votação, o ex-banqueiro da BlackRock e ultraconservador Friedrich Merz foi eleito primeiro-ministro alemão, em coalizão com os social-democratas até aqui encabeçados pelo interino Olaf Scholz. Votação da segunda volta se deu nesta terça-feira (6), por 325 votos a 289.
Na primeira votação, faltaram seis votos para ele chegar aos 50% mais 1 dos 630 assentos do parlamento, um acontecimento inédito desde a fundação da República Federal, em 1949, mostrando a fragilidade da coalizão que chega, com o ex-capo da BlackRock ao governo.
Sucessor de Angela Merkel no comando dos democrata-cristãos, partido em boa parte formado por nazistas reciclados pelos EUA assim que a Guerra Fria começou, Merz consegue ser pior do Scholz, e quer enviar mísseis Taurus de longo alcance à Ucrânia, coisa que o antecessor havia declinado, por ainda ter algum juízo, além de medo do repuxo.
Tendo sido eleito fazendo campanha contra o “aumento da dívida” para “não penalizar as futuras gerações”, Merz mudou de script e patrocinou a aprovação de uma emenda à constituição alemã para permitir rearmar a Alemanha – isso justo nos 80 anos da derrota nazista em Berlim -, destinando 1 trilhão de euros ao longo de uma década. (Como costumam observar os norte-americanos, ‘o que poderia dar errado?’)
A propósito, o ministro da Defesa de Scholz, Boris Pistorius, em discurso no ano passado no parlamento “previu” que a Alemanha tem “até 2029” – cinco anos – para “se preparar” para a guerra com a Rússia…
Entre 2016 e 2020, Merz foi presidente do conselho da sucursal alemã da BlackRock, o maior fundo abutre do planeta, e nas duas décadas anteriores era tido como um dos maiores lobistas pró-americanos da Alemanha.
O subfuhrer da BlackRock também é entusiasta da manutenção do fornecimento de armas para o regime de Kiev, para a guerra por procuração contra a Rússia na Ucrânia, no que tem a alegre companhia dos “verdes”, que um dia distante já foram anti-guerra.
Lembrando que Scholz ouviu impassível Biden, na Casa Branca, anunciar ao mundo que ia destruir o gasoduto Nord Stream, e mais tarde comunicou sem comentário que havia sido informado por Washington de que iria posicionar mísseis intermediários na Alemanha, voltando a fazê-la de alvo nuclear como nos anos 1980, com a diferença que agora, a resposta será hipersônica, é até difícil imaginar o banqueiro Merz como ainda pior, mas assim é a vida.
O mesmo no plano econômico, depois de Scholz – e sua social-democracia – ter abalado os alicerces da máquina industrial alemã, com a autoexclusão do gás barato russo para substituição pelo gás de fracking norte-americano três a quatro vezes mais caro e a adesão às sanções contra a Rússia.
E com o tema da desindustrialização passando a fazer parte do dia a dia da Alemanha, agora vista por todos como o “homem doente” da Europa, ao invés de sua locomotiva.
A “restrição” dessa gente à vassalagem a Trump, e arroubos sobre supostos “valores europeus”, se deve unicamente a que eles acham que Trump não é suficientemente russófobo, o que não diriam de Biden, Blinken, Madame Nuland & Cia.
Ainda, a recessão na Alemanha entrou no seu terceiro ano consecutivo e a indústria automobilística está em crise aberta, como mostra o fechamento das fábricas da Volkswagen.
Para completar, o Banco Central da Alemanha, o Bundesbank, reconheceu que em 2024 teve as maiores perdas da história desde a sua criação em 1957, um rombo financeiro de mais de US$ 20 bilhões, perdas oito vezes maiores do que um ano antes, colocando em xeque a posição do país como potência econômica global.
Sobre as credenciais para o cargo, Merz nunca ocupou um posto público de alta responsabilidade: nunca foi ministro, governador, ou sequer prefeito de alguma cidadezinha. Ele foi definido pela revista de economia Wirtschaftswoche como “transatlanticista, amigo da Europa e reformista” e, portanto, “exatamente a pessoa certa para os tempos atuais”.