
Participantes da frota denominada Flotilha Sumud Global, que almeja romper o criminoso cerco que Israel impõe a Gaza denunciam que já houve dois ataques a barcos que integram a ação solidária aos palestinos
A BBC recorreu a especialistas que informaram que partes de um dispositivo encontrados em um dos barcos correspondem a uma granada.
Os ataques aconteceram na madrugada desta terça-feira (9) e ao anoitecer da quarta-feira (10).
Video do momento da agressão mostra um rastro de luz indo em direção ao barco atacado e logo a seguir se vê parte do convés em chamas e os que estavam no barco correndo para apagar o fogo.
O primeiro navio atingido foi o barco Família, de bandeira portuguesa. A deputada Mariana Mortágua, que está a bordo do barco chamou o governo de Portugal a tomar medidas contra o regime ilegal de Israel: “Eu sou membro do parlamento português e o barco atingido é de bandeira portuguesa, portanto, chamo o governo de meu país e às autoridades europeias a protegerem esta missão humanitária e lutar contra Israel e seus crimes contra a Humanidade”.
“Se esta missão humanitária tem um risco envolvido, é porque há um governo que não respeita a lei. Genocídio é contra a lei. Ocupação é contra a lei. Matar crianças de fome é contra a lei”, concluiu Mariana.
A relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, também denunciou a agressão: “O barco principal da Flotilha foi atacado por um drone no porto de Túnis! No porto, agora tentando apurar os fatos com as autoridades locais e o pessoal da flotilha. Outros barcos estão ancorados em Túnis e precisam de proteção urgente”.
“Este é um cerco ilegal. Dura 17 anos. Nestes 17 anos, 37 barcos foram atacados, aprisionados, interceptados ao tentarem romper este cerco”, declarou o brasileiro Thiago Ávila que integra a comissão diretora da Flotilha.
“Este e 38º barco a ser atacado”, prossegue, “então é importante que entendam que, quando nos perguntam se uma missão como esta vai continuar, não estamos aqui por nós, estamos aqui pelos palestinos em Gaza, que têm sido agredidos por oito décadas de genocídio, de limpeza étnica, perpetrados por um Estado colonial de apartheid liderado por uma ideologia supremacista, racista chamada de sionismo”.
“O ataque desta noite só mostra ao mundo com quem estamos lidando, mostra o nível de violência que enfrentamos, mesmo antes de zarpar”, finalizou Thiago.
“Atos de agressão visando intimidar e sabotar a missão não nos deterão. Nossa missão de romper o cerco a Gaza e nos solidarizar com seu povo continua com determinação”, afirmaram os membros da frota.
NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE UM NAVIO HUMANITÁRIO É ATACADO
Thiago Ávila detalhou que “seis pessoas estavam a bordo deste barco durante a vigília noturna”, quando um drone explodiu na embarcação, incendiando coletes salva-vidas e outros objetos.
”Nossa equipe combateu esse incêndio e o apagou em cerca de quatro a cinco minutos, e então acionamos o alarme para todos os outros”, explicou, lembrando que esta não é a primeira vez em que um navio humanitário com ativistas é atacado.
Em maio, por exemplo, um dos navios pegou fogo e emitiu um SOS após o que os seus organizadores denunciaram ser um ataque de drones israelenses ao largo da costa de Malta, em águas internacionais. O exército de Netanyahu recusou comentar o incidente.
No final de julho passado, o navio Handala, também membro da da Flotilha, foi interceptado por forças israelenses quando se encontrava em águas internacionais caminho à costa do enclave palestino.
A Guarda Nacional da Tunísia, que antes estava negando a ocorrência de ataque externo contra os barcos da Flotilha, declarou que esta manhã deu início a investigações sobre a agressão.
A Flotilha Global Sumud, que transporta cerca de 200 ativistas, políticos e artistas de 44 países e ajuda humanitária para Gaza, partiu do porto de Barcelona no início deste mês, após uma grande manifestação em apoio à sua missão. Os barcos estão ancorados no porto de Sidi Bou Said, perto de Túnis e uma multidão se aglomera ao lado do porto para saudar a partida dos barcos, programada para hoje.
83 PALESTINOS FORAM MORTOS E 223 FERIDOS NAS ÚLTIMAS 24 HORAS
Pelo menos 83 palestinos foram mortos e outros 223 ficaram feridos na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas como resultado do genocídio israelense em andamento na região, de acordo com fontes médicas.
Foi informado que o número de mortos palestinos no ataque israelense desde outubro de 2023 aumentou para 64.605, com mais 163.319 feridos. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.
Os hospitais também registraram cinco mortes adicionais por fome e desnutrição grave nas últimas 24 horas, elevando o número total de mortes relacionadas à fome na região para 387, incluindo 138 crianças.
O ataque genocida de Israel continua implacável, apesar dos apelos do Conselho de Segurança das Nações Unidas por um cessar-fogo imediato e das diretrizes do Tribunal Internacional de Justiça solicitando medidas para prevenir o genocídio e aliviar a terrível situação humanitária em Gaza.