O Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST), entidade composta por 22 confederações nacionais de trabalhadores dos ramos público e privado, realizará no próximo dia 17, em São Paulo, um debate com as confederações filiadas para preparar a construção do Congresso Nacional dos Trabalhadores.
Com eixos na luta contra a implementação da reforma trabalhista de Temer e pela garantia dos direitos trabalhistas assegurados pela Constituição Federal, o FST está buscando dar subsídios aos trabalhadores para que aprovem convenções coletivas de trabalho na sua forma anterior à aprovação da lei 13.467. O objetivo é que as discussões do Congresso fortaleçam a luta dos trabalhadores em suas categorias. “A ideia é definir as linhas de discussões para o Congresso. Nesse encontro vamos saber das necessidades das entidades filiadas”, declarou ao HP o coordenador do FST, Artur Bueno de Camargo, também presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CNTA).
De acordo com Bueno, o FST está organizando também um encontro nacional, no dia 24 de abril, para discutir as eleições, além de fortalecer o movimento “Basta!”, que apoiará candidatos alinhados com o pensamento progressista. “O Basta! está consolidado. Precisamos agora é divulgá-lo cada vez mais. Essa plataforma será uma excelente ferramenta para conhecer os candidatos e saber de seus projetos. Tanto no encontro quanto no Congresso ele estará presente”, ressaltou Artur, afirmando o debate se dará em torno do combate à corrupção e o comprometimento com as políticas de redução das desigualdades sociais. Além de combater o rentismo e a submissão das políticas públicas às imposições do mercado.
O Congresso deve ocorrer em Praia Grande, litoral Sul de São Paulo, no mês de agosto, quando “já saberemos quem serão os candidatos, pois as convenções partidárias já terão as chapas formadas”, explica o dirigente. E “precisamos eleger candidatos que estejam comprometidos com a pauta da classe trabalhadora. Temos que ficar de olho nos deputados, para não votar em que foi contra os trabalhadores, em quem foi a favor da reforma trabalhista”.
Artur informou que a posição do FST é totalmente contrária à reforma trabalhista de Temer, salientando que “não é possível um cidadão ter condições de um trabalho digno com parcelamento de salários, trabalho intermitente, jornadas extensas, redução de salários, parcelamento de férias, e outros absurdos. Diziam que tudo isso iria gerar mais empregos, mas o que nós vimos até agora foi que não foi criado nenhum emprego formal, ao contrário, ele diminuiu”.
E é verdade. Em 2017 foram criados 1,8 milhão postos de trabalho, todos no setor informal, enquanto foram perdidas 685 mil vagas com carteira. Nesse sentido vale ressaltar que além dos trabalhadores informais não terem os direitos garantidos na CLT (ainda que a reforma os tenha usurpado em grande parte), a renda média dos sem carteira e de pequenos empreendedores é, em geral, metade da renda dos formais, de acordo com o último Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Artur contou que, dentre as ações do FST para barrar o avanço da reforma trabalhista, estão um abaixo assinado para constituir uma lei de iniciativa popular que revoga a lei 13.467. “Mas a verdade é que com esse Congresso que está aí, nem se todos os brasileiros assinarem, eles vão passar uma lei dessas por votação. Por isso é importante que elejamos candidatos diferentes dos que estão aí, comprometidos com as pautas da classe trabalhadora, não podemos nos esconder nessas eleições. Vamos eleger um Congresso que nos ouça e assim enterrar essa lei horrível. Não vamos parar de lutar”, alertou o dirigente.
Lineu Neves Mazano, presidente da Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo e secretário-geral da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil, ambas filiadas ao FST, ressalta que “temos um Congresso Nacional com alto índice de parlamentares vinculados ao capital e alheios a uma agenda social, trabalhista ou de políticas públicas progressistas. Precisamos agir de forma organizada, ter força política e atuar dentro do processo eleitoral”, ressalta.