A funcionária da unidade do Carrefour em Porto Alegre, Adriana Alves, foi presa pelo homicídio doloso de João Alberto Silveira Freitas, espancado até a morte por dois seguranças no estacionamento do supermercado.
Segundo a Polícia Civil, Adriana também é considerada autora do crime, já que na condição de supervisora, poderia ter impedido o espancamento.
A prisão é temporária, ou seja, tem o prazo de 30 dias. Os dois seguranças, Giovane Gaspar e Magno Borges, foram presos em flagrante por homicídio triplamente qualificado.
Nas imagens de câmera de segurança, Adriana aparece ao lado dos seguranças que agridem João Alberto. Ele foi espancado e asfixiado por cerca de cinco minutos. A cena também foi gravada por diversos clientes e prestadores de serviço que estavam no local. Em um desses vídeos, Adriana se aproxima e diz: “Não faz isso que eu vou te queimar na loja”.
Ela também disse a pessoas no local que a vítima havia agredido uma mulher no mercado, e por isso estava sendo “contido”. A informação, entretanto, não procede, de acordo com as investigações. Nas imagens de câmera de segurança do local, Beto, como era conhecido, não aparece agredindo ninguém.
Ela anuiu com essa conduta no momento em que faz algumas informações que foram capturadas em áudio e inclusive divulgadas em vídeo pelas redes sociais, afirmou a delegada Roberta Bertoldo.
A polícia entende que Adriana tinha o poder naquele momento de cessar as agressões a partir do fato de que era a superior imediata dos homens responsáveis pela segurança. Segundo a polícia, ela é investigada por homicídio doloso triplamente qualificado, assim como os agentes.
A polícia disse ainda que se certificou de que a investigada poderia ser presa, mesmo durante o período de embargo eleitoral. Como vota em um município da Região Metropolitana que não terá segundo turno, Adriana não foi amparada pela norma.
Em depoimento à polícia, ela disse que estava no setor de bazar quando foi chamada para atender a situação de um cliente que estaria em atrito com outra funcionária. Relatou que, ao chegar no local, “um cliente que trajava roupa preta, que soube ser policial militar, estava apaziguando a situação e já conversava com a vítima na intenção de acompanhá-la com o fiscal de piso Magno até a saída”.
“Que Jéssica relatou à depoente que a vítima seria uma pessoa agressiva e que havia entrado em atrito com fiscais de loja em outras datas. No momento da chegada da depoente, a vítima estava tranquila e foi acompanhada pelo policial e pelo fiscal. Tendo a vítima empurrado uma senhora e foi novamente orientado pelo cliente/policial a deixar disso e se acalmar. Que a vítima desferiu um soco no policial, momento em que se embolaram. Que a depoente fez a solicitação para chamar a Brigada, pelo rádio, e ligou para o Samu, quando viu sangue, e que a vítima havia desmaiado. Que a vítima proferia xingamentos durante a contenção, mas não ouviu a mesma pedir ajuda. Que a depoente pediu várias vezes aos rapazes que largassem a vítima”, diz trecho do depoimento.