Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, na tarde da segunda-feira (18), o funcionário da empreiteira OAS, o encarregado de obras Misael de Jesus Oliveira afirmou que foi convocado por seu gerente para fazer uma reforma no sítio de Atibaia (SP), de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ele disse que a esposa de Lula, Dona Marisa Letícia (morta em fevereiro de 2017), fez alguns pedidos diretamente a ele, enquanto o Lula apenas passava recados. Segundo Misael, entre os pedidos estavam uma poda nas árvores, uma reforma no lago e a construção de uma capela.
Misael, que prestou depoimento como testemunha de defesa de Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira, também disse que a orientação desde o início era de total sigilo sobre a obra porque ninguém poderia ficar sabendo, dentro ou fora da empresa. A OAS também proibiu a utilização de uniformes da empreiteira.
O funcionário também afirmou que foi comunicado que o serviço era para Lula.
O sítio de Atibaia, segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), pertence a Lula, embora esteja em nome de Jonas Suassuna e Fernando Bittar, que seriam os laranjas. Em troca de contratos na Petrobrás e abatimentos de créditos com o PT, a OAS fez benfeitorias no sítio no valor de R$ 1,02 milhão juntamente com a Odebrecht.
Durante o depoimento, o juiz Sérgio Moro indeferiu uma pergunta da defesa de Lula e discutiram durante a audiência. “Mais uma vez o doutor está sendo hostil à testemunha. Sempre acontece quando tem uma testemunha contrária à tese da defesa”, disse Moro para o advogado de Lula, Cristiano Zanin.