
Abdullah Hammad trabalhava para a organização Médicos Sem Fronteiras como higienista de hospital. Com ele as forças de extermínio de Israel já mataram 1.580 profissionais de saúde desde o início da agressão a Gaza
A organização Médicos Sem Fronteiras ( MSF ) condenou o assassinato de Abdullah Hammad, funcionário da organização , morto a tiros pelas forças israelenses. O 12º membro da organização morto pelo exército israelense desde outubro de 2023, era higienista, profissional responsável pela desinfecção hospitalar que havia trabalhado na clínica do MSF em Al Mawasi por um ano e meio.
Colegas afirmam que Hammad fazia parte de um grupo de palestinos que buscava coletar farinha de um caminhão de ajuda humanitária em Khan Younis quando as forças israelenses atacaram sem aviso, matando pelo menos 16 pessoas.
Enquanto a agressão genocida de Israel contra a Faixa de Gaza não para, os hospitais no território palestino continuam a ser devastados e a receber um número crescente de pessoas sem vida e feridos, em meio a um colapso humanitário agravado por uma escassez crítica de sangue e hemoderivados.
A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS) denunciou, na terça-feira (8), que uma de suas clínicas médicas a leste da Cidade de Gaza parou de funcionar depois que vários projéteis israelenses caíram nas proximidades, impossibilitando a continuidade do trabalho.
A associação disse em um comunicado: “O trabalho na clínica médica Al-Zaytoun, na Cidade de Gaza, foi interrompido depois que bombas caíram na área ao redor da clínica, ameaçando a segurança da equipe médica e dos pacientes.”
ISRAEL BARRA ENTRADA DE SUPRIMEITOS A GAZA
“As forças israelenses então ordenaram que as pessoas que estavam tentando recolher farinha saíssem imediatamente. O nível de desespero por alimentos em Gaza está nesse momento além de qualquer compreensão. A capacidade das agências humanitárias de atender às necessidades urgentes está restrita ao mínimo necessário. As tropas fascistas israelenses estão limitando as movimentações e a circulação de suprimentos e criaram uma maneira militarizada de distribuir alimentos que é degradante e mortal. A situação de fome sistêmica e deliberada a que os palestinos estão sendo submetidos há mais de 100 dias está levando as pessoas em Gaza ao limite. Esta carnificina precisa acabar agora”, disse o coordenador de emergência do MSF em Gaza, Aitor Zabalgogeazkoa.
No centro de Gaza, uma fonte médica do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa relatou a morte de cinco palestinos em um ataque de drone israelense contra civis em Deir al-Balah. Dois eram médicos do Centro Médico Al-Baraka, mais duas meninas e uma mulher. Vários outros ficaram feridos, alguns em estado crítico.
94% DOS HOSPITAIS DE GAZA ESTÃO FORA DE FUNCIONAMENTO
Desde outubro de 2023, as forças israelenses já mataram pelo menos 1.580 profissionais de saúde, sendo que 70 deles morreram em Gaza nas mãos de Israel nos últimos 50 dias, aponta o site norte-americano Democracy Now.
Segundo a coordenadora do MSF em Jerusalém Oriental, Damares Giuliana, que atendia os territórios de Gaza e Cisjordânia, 94% dos hospitais de Gaza estão fora de funcionamento porque foram bombardeados ou despejados. Os 6% que ainda funcionam também foram danificados.
Um dos mortos é o diretor do Hospital Indonésio, Marwan Sultan, cuja casa foi deliberadamente bombardeada, matando também sua esposa e cinco membros da família.
“Com profunda tristeza e tristeza, lamentamos o mártir do dever humanitário e médico, Dr. Marwan Sultan, diretor do Hospital Indonésio no norte de Gaza, que foi morto junto com vários membros de sua família quando as forças israelenses bombardearam sua casa na Cidade de Gaza”, denunciou o Ministério da Saúde palestino.
O principal hospital da Cidade de Gaza, o Al-Shifa, recebeu nove civis mortos na segunda-feira (7), seis dos quais morreram em um bombardeio direcionado ao Centro de Saúde dos Mártires de Al-Rimal, usado como abrigo no bairro a oeste da cidade.
Funcionários do al-Shifa, dizem que centenas de pacientes estão “enfrentando a morte” enquanto o hospital fica sem combustível em meio ao bloqueio de Israel.
Mais ao sul, o Hospital Nasser, em Khan Younis, registrou doze mártires desde o amanhecer, incluindo cinco civis mortos enquanto aguardavam a distribuição de ajuda humanitária na região de Al-Shakoush, em Rafah. Este último episódio trágico se soma à longa lista de massacres contra civis em centros de recepção e distribuição.
COLAPSO DOS BANCOS DE SANGUE
Em um comunicado alarmante, o Ministério da Saúde palestino alertou para o colapso iminente dos bancos de sangue e seus laboratórios, incapazes de atender à crescente demanda de feridos, especialmente em casos graves. O estoque de sangue disponível é amplamente insuficiente para atender às necessidades mensais.
O ministério afirmou que, no último mês, foram utilizadas 10.000 unidades de sangue e hemoderivados, enquanto apenas 3.500 unidades estavam disponíveis. Os pedidos de doações da comunidade não são mais suficientes devido à desnutrição generalizada, à prevalência de anemia e à deterioração da saúde geral da população.
As autoridades de saúde ressaltam que esta escassez representa um perigo imediato para a vida de milhares de feridos e apelam à comunidade internacional e às organizações humanitárias para que intervenham com urgência para fornecer sangue e o equipamento necessário, num contexto de bloqueio sufocante pelas tropas do governo de Netanyahu e do quase colapso do sistema de saúde na Faixa de Gaza.
Desde 2 de março, as autoridades de ocupação fecharam as travessias de Gaza para caminhões que transportavam suprimentos e ajuda, acumulando-se na fronteira, permitindo apenas a entrada de algumas dezenas de caminhões na Faixa de Gaza, enquanto os moradores de Gaza precisam de pelo menos 500 caminhões por dia.
O número de mortos na agressão israelense contra a Faixa de Gaza é de 57.575 e 136.879 feridos desde 7 de outubro de 2023.