Os eletricitários da Eletrobrás estão paralisados por 24 horas em todo o país nesta segunda-feira, 16, contra a privatização da empresa. Os trabalhadores, organizados pela Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), se reúnem em frente ao Ministério de Minas e Energia, em Brasília, e ainda cruzaram os braços no Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, o Distrito Federal, Goías, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Já há algum tempo o governo de Temer busca apoio parlamentar para privatizar a estatal, que é responsável por nada menos do que mais da metade da energia elétrica consumida no país, controla 47 hidrelétricas, 114 térmicas (energia gerada a partir da queima de carvão, gás ou óleo), 69 usinas eólicas e distribuidoras de energia de seis estados: Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima.
Nesse cenário, o projeto de privatização da Eletrobras se tornou recentemente uma das principais pautas do governo federal na Câmara dos Deputados: na terça-feira (17/4), a comissão especial que analisa o projeto de privatização na Câmara ouve o presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr. Na quarta (18), outros especialistas do setor energético também devem falar aos membros comissão.
O vice-presidente da FNU, Nailor Guimarães Gato, afirma que a privatização da Eletrobrás significa aumentos das tarifas, queda na qualidade dos serviços, demissões e perda da soberania nacional. “Trata-se de um problema grave não só para os eletricitários, mas para toda a população brasileira (…). O lógico é o Estado controlar um setor estratégico”, aponta o dirigente, que lembrou que especialistas chegaram a prever aumento de até 70% nas tarifas. A própria Aneel reconhece que um aumento de pelo menos 16,7%, seria inevitável.
Gato ainda lembra que, com a privatização, já foi anunciado que deixará de existir a tarifa social, que garante descontos na conta de energia para pessoas de baixa renda e beneficia mais de 8 milhões de lares brasileiros.
“Permitir a privatização das estatais do setor elétrico é promover maior desigualdade social e negar o acesso à energia para a população mais pobre do Brasil. Assim, para barrar mais esse retrocesso é preciso paralisar os locais de trabalho, fazer atos e manifestações, ocupar ruas, avenidas e praças, além de pressionar os parlamentares em suas bases eleitorais”, aponta a FNU.