No último domingo (24), funcionários da PepsiCo, multinacional bilionária dona da Pepsi, Elma Chips e Quaker, iniciaram uma greve histórica no Brasil contra jornadas de trabalho de seis dias consecutivos por semana. Esta é a primeira paralisação no país contra a escala 6×1.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Laticínios e Alimentação de São Paulo (STILASP), após tentativas de negociação frustradas sobre a jornada de trabalho, a empresa manteve inflexível.
“As assembleias foram nas plantas de Itaquera e Sorocaba, e os trabalhadores votaram sim à greve! Essa decisão foi motivada pela postura intransigente da empresa, que se recusa a dialogar sobre a jornada de trabalho”, disse a entidade em nota.
“Na última reunião, realizada no dia 22, a empresa ignorou nossa proposta, reafirmando um comportamento que consideramos inaceitável, visto que estamos passando por uma mobilização nacional pelo fim de jornadas de trabalho desumanas”, explicou a entidade.
O sindicato afirmou que “é contra as jornadas 6×1 e 6×2, nossa luta é para que todos trabalhadores tenham qualidade de vida e saúde mental”.
A greve recebeu apoio da deputada federal Érika Hilton (Psol-SP), que se manifestou nas redes sociais.
“Declaro meu apoio aos trabalhadores das plantas da PepsiCo no Itaquera e em Sorocaba, em GREVE contra a proposta apresentada pela empresa de escala 6×1. A empresa recebeu mais de R$ 45 milhões dos nossos impostos em benefícios fiscais só até agosto e lucrou cerca de 10 BILHÕES de reais só na América Latina até setembro, com o Brasil sendo sua principal operação. E tem PLENA CAPACIDADE de oferecer aos seus funcionários uma proposta melhor do que apenas um sábado de folga (compensada com banco de horas) por mês”, escreveu a parlamentar nas redes sociais.
As centrais sindicais também manifestaram apoio à mobilização em nota conjunta. “É justa e legítima a reivindicação da redução da pesada jornada de trabalho através do fim da escala 6X1, sem redução salarial. Trabalhar seis dias da semana é uma carga desumana que consome o trabalhador e praticamente inviabiliza outras atividades, como o convívio familiar, lazer e formação, tornando-se um ciclo vicioso já que o impede de buscar ascensão profissional”, diz a nota.
As centrais apontam que a situação torna-se ainda mais injusta quando se trata de uma empresa multinacional que lucra bilhões e que tem todas as condições de contratar mais trabalhadores para cobrir sua produção.
“Por seu tamanho, sua história e sua importância, a PepsiCo deve dar um bom exemplo e valorizar o trabalhador, ao invés perpetuar práticas arcaicas e desumanas como a exploração desenfreada”, conclui a nota.