Os trabalhadores da Sabesp, Metrô e CPTM entrarão em greve unificada nesta terça-feira (3). O movimento é parte da mobilização dos sindicatos representativos dos trabalhadores contra o plano do governo Tarcísio de Freitas de privatização das empresas. O movimento de greve tem também o apoio de entidades dos movimentos sociais e de parlamentares contrários à venda das estatais.
Além dos sindicatos dos trabalhadores da Sabesp, dos metroviários e ferroviários da CPTM, os engenheiros que atual nas empresas também aderiam ao movimento. De acordo com Murilo Pinheiro, presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp), “a prestação de serviços essenciais é incompatível com a visão meramente mercantil que os profetas do fanatismo ultraliberal pretendem impor à sociedade. Esse embate se trava atualmente em torno da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), na mira da privatização sem qualquer motivo racional”.
“A reestatização de serviços públicos, como transporte, energia, coleta de lixo e água, tornou-se tônica dominante ao redor do mundo, notadamente em países centrais do capitalismo, como Estados Unidos e Alemanha. O fenômeno é apontado pelo mapeamento do Centro de Estudos em Democracia e Sustentabilidade do Transnational Institute (TNI), divulgado pela Fiocruz, que identifica a reversão de 884 privatizações entre os anos de 2000 e 2017. A não renovação de concessões, os rompimentos de contratos e até a reaquisição de empresas foram motivados pelo desempenho das companhias privadas, que priorizavam o lucro, oferecendo serviços caros e ruins”, ressalta Murilo, em artigo.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema), José Faggian. “o que nós temos hoje no Estado de São Paulo é um projeto, que está sendo implementado pelo governador Tarcísio, que ataca todos os serviços públicos, em especial os serviços essenciais, como água, saneamento e transporte coletivo. Então, a partir desse entendimento, como a CPTM e o Metrô de São Paulo estão no centro do ataque, nós construímos uma unidade”, destacou. “O governador Tarcísio vai enfrentar a unidade dos trabalhadores do saneamento, ferroviários e metroviários. Ele resolveu ignorar os trabalhadores e a população e acelera a privatização. Não vamos descansar até esse projeto ser enterrado”, completou Faggian.
Na tentativa de impedir a greve, o governo do Estado pediu uma liminar na Justiça, sendo concedida pelo desembargador Celso Ricardo Peel Furtado de Oliveira, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, 100% da operação nos horários de pico para os metroviários e ferroviários e 85% para os funcionários da Sabesp. De acordo com o portal Brasil de Fato, a direção do Sindicato dos Mtroviários informou que essa medida será cumprida, desde que haja liberação das catracas para que os passageiros viagem sem pagar. Contudo, nas últimas greves dos metroviários, em março deste ano, Tarcísio chegou a anunciar que as catracas estariam liberadas, mas depois acionou à Justiça para expedir liminar proibindo a liberação das viagens sem custo para os passageiros.
A greve unificada é mais um passo na luta conjunta dos grupos de trabalhadores do transporte público e do saneamento. As categorias realizarão, ainda, uma assembleia unificada exigindo o cancelamento dos editais de pregões das terceirizações no Metrô. “Debateremos a continuidade de nossa luta para impedir essa manobra do governo que visa precarizar nossos serviços para entregar o Metrô para a privatização”, disse o Sindicato dos Metroviários em convocatória. As entidades organizam também um plebiscito, que tem o objetivo de ouvir 1 milhão de cidadãos sobre as propostas de privatizações. As urnas do plebiscito passarão por diversas partes do estado de São Paulo até 5 de novembro.