A associação de funcionários do Banco Mundial enviou um documento para o Comitê de Ética da instituição pedindo que a nomeação de Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação de Bolsonaro, seja suspensa e uma investigação sobre suas falas racistas contra a China seja aberta.
“O Banco Mundial acaba de assumir uma posição moral clara para eliminar o racismo em nossa instituição. Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do Conselho de expor o racismo onde quer que o vejamos. Confiamos que o Comitê de Ética compartilhe dessa visão e faremos tudo ao alcance para aplicá-la”, afirma o documento dos servidores do banco.
Na carta, os funcionários do Banco Mundial apontam que “de acordo com múltiplas fontes, o senhor Weintraub publicou um tuíte de carga racial, ridicularizando o sotaque chinês e culpando a China pela Covid-19, e acusando os chineses de ‘dominação mundial’; levando a Suprema Corte a abrir uma investigação por crime de racismo”.
Em publicação feita no Twitter, Weintraub acusou a China de ter criado o coronavírus em laboratório para se beneficiar da crise mundial. Ele usou o personagem “Cebolinha”, da Turma da Mônica, para fazer chacota do sotaque dos chineses quando falam português.
“Geopoliticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, dizia a publicação.
A embaixada da China no Brasil repudiou o racismo de Weintraub. “Deliberadamente elaboradas, tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil”.
A pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu um inquérito para investigar Weintraub.
Os funcionários banco também pediram que seja aberta uma investigação sobre a fala de Weintraub na reunião ministerial do dia 22 de abril, durante a qual defendeu a prisão de todos os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A gravação mostra ele dizendo que “eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando com o STF”.
“Solicitamos formalmente ao Comitê de Ética que reveja os fatos subjacentes às múltiplas alegações, com intenção de (a) colocar sua indicação em espera até que essas alegações possam ser revisadas e (b) garantir que o Sr. Weintraub seja avisado de que o tipo de comportamento pelo qual ele é acusado é totalmente inaceitável nesta instituição”, conclui a carta enviada ao Comitê de Ética.
Na quinta-feira (18), Abraham Weintraub publicou em suas redes sociais um vídeo dizendo que estava deixando o Ministério, depois de 14 meses de gestão. Depois, usou seu passaporte diplomático indevidamente para viajar para os Estados Unidos.
No vídeo, Weintraub diz apenas que está deixando o governo para assumir o cargo de diretor de um banco internacional. Ele foi indicado pelo Ministério da Economia para o Banco Mundial.