Programa do governo Macron é cortar o orçamento do setor público, com ataque às aposentadorias e congelamento dos salários
Os funcionários públicos da França convocaram uma greve geral para o dia 22 para rechaçar o plano do governo de Emmanuel Macron de eliminar 120 mil empregos públicos, e cortar o orçamento destinado ao setor, além de atacar aposentadorias e congelar salários.
A greve tem forte adesão da categoria dos controladores de voo, que também exigem reajuste salarial, o que levou as autoridades aeroportuárias francesas a cancelar uma série de voos domésticos. Companhias aéreas internacionais que fazem voos com escala em aeroportos franceses também estão reprogramando seus voos para os próximos dias.
Já está anunciado que 30% do tráfico aéreo nos aeroportos parisienses estará suspenso.
A paralisação de voos afetará os aeroportos Charles de Gaulle, Orly e Beauvais, esclareceu um porta-voz da direção geral da Aviação Civil.
Também participam da greve os trabalhadores que prestam serviço à Sociedade Nacional de Ferrovias, que se opõem a “reforma” que o governo Macron quer impor aos trabalhadores. A paralisação afeta todo o sistema de transporte ferroviário, de forma que só circulam 30% dos trens da região da capital, Paris; 25% dos interurbanos e 40% dos trens de alta velocidade. A greve dos ferroviários começa às 8h da manhã de sexta e vai até as 19h.
Segundo a Confederação Geral do Trabalho, a CGT francesa, mais de 80 manifestações ocorrem em paralelo às paralisações.
Os trabalhadores da Air France também programaram uma greve para o dia 23.
Segundo a organização de controle do tráfego aéreo da Europa, a Eurocontrol, as partidas dos aeroportos de Bordeaux, Lyon, Marseille, Nantes e Toulouse, também estão canceladas.
As torres de controle em Aix-en-Provence e Brest já informaram a companhias no Exterior da redução do tráfego permitido em termos de voos sobre a França.
Isso afeta inclusive voos que partem da Inglaterra com destino a diversos países europeus, a exemplo de Espanha, Portugal, Suíça e Itália, alguns já cancelados e outros com atraso previsto.
A empresa da aviação irlandesa, Ryanair, respondeu à greve de forma arrogante e ao invés de entender que são as medidas governamentais que estão provocando a reação dos trabalhadores pediu a repressão do movimento: “Conclamamos o governo francês e a Comissão da União Europeia a agirem para prevenir estas ações sindicais francesas que estão deixando os consumidores europeus em situação caótica”.
Já prevendo uma alta adesão à greve, a Air France está, desde o começo da semana, oferecendo aos passageiros a sugestão de transferirem as viagens de sexta e sábado para dias posteriores.