O ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, Fabrício José Carlos de Queiroz, movimentou 1,2 milhão de reais em uma conta entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A movimentação, considerada atípica, foi citada em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de fiscalização ligado ao Ministério da Fazenda, revelou, na quinta-feira (06/12), O Estado de São Paulo.
O relatório do Coaf em que aparece o nome de Queiroz faz parte da investigação que deu origem à operação Furna da Onça, da Polícia Federal, um desdobramento da Lava Jato, que, no mês passado, levou à prisão de dez deputados estaduais do Rio de Janeiro. De acordo com o jornal, o assessor estava lotado no gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) até 15 de outubro deste ano, quando foi exonerado a pedido.
“O Coaf informou que foi comunicado das movimentações de Queiroz pelo banco porque elas são ‘incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira’ do ex-assessor parlamentar”, diz a reportagem. O relatório mostra ainda que, entre as movimentações do ex-assessor de Flávio Bolsonaro que foram mapeadas pelo Coaf, há um cheque de 24.000 reais destinado a Michelle Bolsonaro, esposa do presidente eleito e futura primeira-dama do Brasil.
O Ministério Público Federal havia pedido ao Coaf um pente fino em todos os funcionários e ex-trabalhadores da Assembleia com transações financeiras suspeitas. Também foram identificados saques em espécie que somam 320.000 reais, sendo que 159.000 foram sacados em uma agência bancária dentro do prédio da Alerj. O Ministério Público Federal, responsável pela investigação, afirma que a documentação anexada a esta etapa da Lava Jato, será investigada. O ex-assessor e o deputado disseram que não sabem de nada.
No mesmo relatório aparece Nathalia Melo de Queiroz, de 29 anos. Filha de Fabrício, ela também foi funcionária de Flávio Bolsonaro entre 2007 e 2016. Menos de uma semana depois de ser exonerada, em dezembro de 2016, foi nomeada para o cargo de secretária parlamentar de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. O documento não deixa claro os valores individuais transferidos entre Nathalia e Fabrício, mas junto ao nome dela está o valor total de R$ 84 mil.
Além de Nathalia, a mulher de Fabrício, Márcia Oliveira de Aguiar, e outra filha dele, Evelyn Melo de Queiroz, trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro, como revelou o jornalista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”. Márcia aparece na folha de pagamento da Alerj de agosto de 2017 como consultora parlamentar e salário de R$ 9,2 mil. Evelyn foi nomeada em dezembro de 2016 como assessora parlamentar de Flávio Bolsonaro, na vaga da irmã Nathália. Na última folha de pagamento da assembleia, ela aparece com um salário de R$ 7,5 mil.