A juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, declarou-se suspeita e não vai julgar casos envolvendo o empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia, que acusa o ex-juiz Sergio Moro de tê-lo coagido a agir como “agente infiltrado”.
Hardt alegou motivo de “foro íntimo” e informou que já protocolou contra Tony Garcia uma representação criminal por crime contra a honra.
Declarada suspeita nos casos que envolvem o empresário, Hardt já pediu um novo juiz com urgência.
Gabriela Hardt se declarou suspeita uma hora depois da defesa de Tony Garcia ter protocolado um pedido de suspeição da juíza.
Tony Garcia, que era delator da Lava Jato, afirma ter sido pressionado pelo ex-juiz e deputado Sergio Moro a agir como um “agente infiltrado” para conseguir informações e provas contra autoridades.
A defesa de Garcia diz que Hardt foi informada dos abusos cometidos por Sergio Moro, mas a decisão dela foi acabar com o acordo de delação premiada que foi feito entre Tony Garcia e o Ministério Público Federal (MPF).
GRAMPO ILEGAL
Um agente da Polícia Federal, Dalmey Fernando Werlang, afirma ter instalado na cela do doleiro Alberto Youssef um grampo ilegal, sob ordens de seus superiores.
Dalmey conta que foi responsável pelo “implemento das medidas de inteligência envolvendo equipamentos de captação de áudio e/ou vídeo”, seguindo ordens de seus chefes.
Três delegados conversaram com ele para que fosse instalada ilegalmente uma escuta na cela em que Youssef estava preso pela Operação Lava Jato. A cada 24h, o agente tinha que baixar o áudio captado e gravá-lo em pen drives, que seriam entregues para os delegados da PF.
TACLA DURAN
Na terça-feira (6), o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu para o advogado Tacla Duran uma autorização para vir ao Brasil e depôr na Câmara dos Deputados.
Duran vai comparecer, no dia 19 de junho, na Comissão de Administração e Serviço Público para falar sobre os supostos abusos cometidos por Sergio Moro na Operação Lava Jato.
Segundo o advogado, o ex-juiz Sergio Moro entrou em contato com ele, através de Rosângela Moro, e disse que ele deveria pagar uma quantia para conseguir proteção e não ser denunciado na Lava Jato.
Tacla Duran, que mora na Espanha, terá “assegurada ‘imunidade’, a fim de que possa esclarecer as denúncias em apreço ao Parlamento”. Ele foi advogado da Odebrecht e chegou a ser preso em 2016.
Em seu relato, conta que seis meses antes da prisão lhe foi oferecida a oportunidade de pagar US$ 5 milhões por um acordo de delação premiada, que seria fechado com apoio do ex-procurador Deltan Dallagnol. Duran teria pago US$ 613 mil para conseguir tempo para sair do país.
ARQUIVAMENTO
No entanto, pesam contra Duran acusações fortes, principalmente como operador de propina da Odebrecht, o que enfraquece suas “denúncias”.
Tacla Duran foi investigado pela Lava Jato, sendo acusado de ter feito a lavagem de pelo menos US$ 95 milhões para a Odebrecht. O advogado chegou a ser preso por 70 dias na Espanha, mas foi posto em liberdade pelas autoridades espanholas.
Para desacreditar as acusações contra si, Duran havia denunciado na época da Lava Jato que o advogado Carlos Zucolotto, padrinho de casamento de Sérgio Moro, teria extorquido dele US$ 5 milhões para obter vantagens em seu acordo de colaboração premiada com a Lava Jato em 2016, como a diminuição do valor de sua multa, acordada inicialmente em R$ 55 milhões, o que não aconteceu.
As denúncias de Duran foram investigadas pela PGR e o inquérito arquivado em 2018, por falta de provas.
Foi Augusto Aras, procurador-geral da República, quem retomou as negociações para um acordo de colaboração premiada com o advogado Rodrigo Tacla Duran.
Aras foi indicado duas vezes por Bolsonaro para ocupar a vaga de procurador-geral. Após Bolsonaro se eleger parasitando a fama da Lava Jato, ele e seus aliados procuraram enfraquecer e desmontar a operação, e Aras foi um deles. O principal deles.
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