
Afirmação é um contraponto à justificativa de Haddad de que a alta juros já estava “contratada” desde a gestão anterior
O presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, afirmou que a taxa de juros (Selic) vai voltar a subir em maio deste ano. No último dia de 19 de março, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) subiu o nível da Selic em 1 ponto percentual, de 13,25% para 14,25% ao ano.
Em coletiva a jornalistas, na quinta-feira (27), o presidente do BC foi questionado sobre a possibilidade de um novo aumento nos juros. Galípolo respondeu que haverá aumento na Selic, como sinalizado na recente ata do Copom, mas de “menor magnitude”. “A gente entende que o ciclo [de aumentos da Selic] precisa se estender”, declarou.
Em suas declarações à imprensa, Galípolo também descartou a sugestão do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, de que o BC deveria excluir alimentos e energia de suas análises sobre inflação, argumentando que esses itens não podem ser afetados pela política monetária. “Não adianta aumentar os juros, que não vai fazer chover”, declarou Alckmin, na segunda-feira (24).
O presidente do BC rebateu a afirmação do vice-presidente afirmando que os diretores do BC estão “bastante satisfeitos e confortáveis com nosso arcabouço para medir a inflação, mas as pessoas podem discutir. Debates e sugestões sempre vão existir”.
Gabriel Galípolo também deixou bem claro que foi “protagonista” para a decisão de elevar a Selic em 1 ponto na reunião em dezembro, que sinalizou com duas novas elevações dos juros da mesma magnitude em janeiro e março deste ano.
“Eu já tinha dito que o Roberto Campos [Neto] havia sido generoso de, já na última reunião [de 2024] de permitir que eu pudesse assumir um papel maior de protagonismo ao longo da discussão daquela reunião do Copom. Para além disso, todos os diretores têm autonomia e, em todos os meus votos e em todos os votos dos diretores, está lá expresso o que é a consciência e a visão de cada um dos diretores. As decisões têm sido unânimes já a algum tempo”, lembrou.
Essa declaração vem em resposta a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que na semana passada disse que essa decisão de subir a Selic foi contratada pelo ex-presidente da autarquia financeira, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL), e que a nova presidência do BC não poderia dar “um cavalo de pau” nesta questão.