
“A autoridade monetária, assim como o médico, não pode ser a causadora do dano”, declarou o gaiato. Até parece que a decisão de subir os juros e estrangular a produção é algo que cai do céu
O Banco Central (BC) reduziu de 2,1% para 2% a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2025, segundo o “Relatório de Política Monetária”, divulgado quinta-feira pela autarquia financeira. Para 2026, a estimativa ficou em 1,5%, devido aos efeitos da criminosa taxa de juros sobre a atividade econômica.
Para o presidente do BC, Gabriel Galípolo, o juro estratosférico não pode ser culpado de promover a desaceleração da econômica o Brasil.
“A autoridade monetária, assim como o médico, não pode ser a causadora do dano”, declarou Galípolo, ao comentar o relatório de política monetária, em entrevista à jornalistas.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária BC, realizada neste mês de setembro, o colegiado decidiu manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 15%, mesmo após forte desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu apenas 0,4% no segundo trimestre, após alta de 1,3% no primeiro trimestre deste ano.
De acordo com o relatório, para 2025, a estimativa de crescimento da indústria recua de 1,9% para 1%. Segundo o BC, a revisão reflete a piora nos prognósticos para indústria de transformação, cuja a previsão também foi revisada de 1,0% de crescimento para a queda de -0,2%; da construção, caiu de 2,5 para 1%; e eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que saiu 1,5% de alta para 1,5% de queda.
No âmbito da demanda interna, a projeção para o crescimento anual do consumo das famílias foi revista de 2,1% para 1,8%.
“A revisão decorre, principalmente, da incorporação de dados mais recentes referentes ao terceiro trimestre, com destaque para os indicadores de comércio varejista, produção de bens de consumo e serviços prestados às famílias, que apontam para uma dinâmica de consumo mais moderada”, diz.
Conforme números do IBGE, as vendas do comércio varejista estão há quatro meses em queda, de abril a julho deste ano, período que acumula 1,1% de perda.
“O desempenho do comércio refletiu a desaceleração no consumo das famílias e a queda na indústria de transformação”, afirma o BC.
Já a estimativa para o crescimento do consumo do governo também foi reduzida, passando de 1,2% para 0,5%. No segundo trimestre, o consumo do governo caiu -0,6%, após não crescer no primeiro trimestre.
O Orçamento está amarrado a regras fiscais rígidas que praticamente criminalizam o aumento em investimento sociais, mas que liberam geral a gastança com o pagamento de juros, que, devido à alta da Selic, já atingiu R$ 525,7 bilhões no acumulado de janeiro a julho deste ano. Em 2024, ao todo, foram gastos R$ 950,423 bilhões com os juros.