Galípolo diz que manterá juro na lua, sangrando trabalhadores e empresários

Gabriel Galípolo, presidente do BC. Foto: José Cruz/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sinalizou na última quarta-feira (12), que não haverá corte no nível da taxa básica de juros este ano e, portanto, a asfixia contra o empresariado produtivo brasileiro vai continuar.

Ontem, os diretores do BC apresentaram o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do primeiro semestre de 2025, em coletiva de imprensa.

“A gente entende que é necessário permanecer com a taxa de juros num patamar restritivo… Por isso que a gente reforça que, se por acaso você entendeu que alguma questão da nossa comunicação foi um sinal sobre que o Banco Central pode vir a fazer no futuro, você entendeu errado”, disse o banqueiro do BC, ao rebater a pergunta de um jornalista sobre a indicação de que o Copom (Comitê de Política Monetária) em sua ata teria sinalizado que há espaço para começar a reduzir juros.

“O comando legal está claro. A meta [de inflação] é 3%, e o Banco Central vai perseguir esta meta de 3%. É isso que nós estamos fazendo e nós vamos seguir fazendo”, completou Galípolo.

A fala do presidente do BC se deu um dia após o IBGE divulgar que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou em 0,09% em outubro, o menor índice para um mês de outubro desde 1998, quando foi registrado alta de 0,02%. No acumulado do ano (até outubro) a inflação registra alta de 3,73%.

Ante a esses resultados, até os “dealers” da especulação financeira já apostam que a inflação deve encerrar o ano dentro do intervalo de tolerância da meta, que é 4,5%, o que garante o BC cumprir sua meta. 

Com a inflação controlada e abaixo da média de governos anteriores, o chefe do BC segue a procurar pelo em ovo para manter os juros altos, barrando a recuperação econômica do Brasil, a reindustrialização do país e a tão almejada melhoria das condições de vida dos brasileiros.

Hoje o nível da Selic está  fixado em 15% ao ano, o que coloca o Brasil com uma taxa de juro real (descontada a inflação esperada) acima dos 10%, a segunda maior do planeta.

Com o consumidor com pouco dinheiro para comprar, por causa da ação nefasta dos juros, as vendas do comércio varejista voltaram a cair em setembro deste ano, ao variar em queda de -0,3% frente a agosto (0,1%), mês que na prática houve estagnação nas vendas, após quedas em abril (-0,3%), maio (-0,4%), junho (-0,1%) e julho (-0,2%), conforme números do IBGE. 

Os juros altos também reprimem o empresariado nacional. Em setembro, a produção industrial nacional recuou -0,4% ante agosto, com seu principal componente, a indústria de transformação registrando estagnação no mês (0%). Em agosto, as indústrias de transformação haviam variado em alta de 0,5%, um crescimento que veio após uma série de quatro meses de resultados ruins: abril (- 0,9%), maio (- 0,5%), junho (0,1) e julho (- 0,1%). 

O faturamento real da indústria de transformação recuou -1,3% em setembro deste ano, após ter recuado -5,2% em agosto. Quando comparado com setembro de 2024, o faturamento encolheu -3,2%, segundo números da Confederação Nacional da Indústria (CNI).  

Serviços é o único setor que tem apresentado números positivos este ano, mas por conta do contracionismo monetário apresenta perda de dinamismo. No acumulado do ano até setembro, o volume de serviços cresceu 2,8%, o que é abaixo dos resultados para igual período dos dois últimos anos, em 2024, alta de 3,1%, e em 2023, o crescimento foi de 2,9%, apontam também números do IBGE.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *