“A ideia de ser indicado para o BC sem possibilidade de aumentar juro não faz muito sentido. Está claro que todos os diretores estão dispostos a fazer o necessário para perseguir a meta”, afirmou o diretor do BC
Em participação no 15º Congresso Brasileiro das Cooperativas de Crédito (Concred), em Belo Horizonte (MG), Gabriel Galípolo, economista indicado por Lula para o Banco Central, defendeu a última ata do Copom (Conselho de Política Monetária) – que apontou a possibilidade de subir os juros – e disse que não vai titubear em subir a taxa Selic, comparando a medida do BC a sangrar o país sem medo.
“A ideia de ser indicado para o BC sem possibilidade de aumentar juro não faz muito sentido. Está claro que todos os diretores estão dispostos a fazer o necessário para perseguir a meta”, disse Galípolo. “Para mim, [essa ideia] se assemelha a um sujeito que foi estudar medicina, foi trabalhar no pronto-socorro, mas infelizmente não pode ver sangue, senão desmaia”, argumentou o economista.
Gabiel Galípolo, que parece ser o preferido da Faria Lima para substituir Campos Neto na presidência do BC, disse também que o “mercado” – leia-se, o monopólio de bancos – não precisa ficar nervoso com o fato dele ter sido indicado pelo governo Lula. Ele garantiu que não vai “passar a ser mais leniente com a inflação e deixar de subir juro, se necessário, por causa disso”.
Afirmações como a de Galípolo, além das recentes votações unânimes no Copom pela manutenção do país como líder mundial de juros altos, parecem confirmar a constatação feita pelo economista e professor Paulo Nogueira Batista Jr que, em entrevista ao site de notícias 247 nesta sexta-feira (9), disse que o governo Lula “está infestado de neoliberais”. Nogueira argumentou que a esquerda brasileira “não pode abraçar o neoliberalismo”.