Direção da Petrobrás divulgou nota informando paralisação da obras do gasoduto Rota 3 da Unidade de Processamento de Gás Natural do Polo GasLub (UPGN) – antigo Comperj
As obras do gasoduto Rota 3 da Unidade de Processamento de Gás Natural do Polo GasLub (UPGN) – antigo Comperj -, em Itaboraí, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foram interrompidas e sua inauguração não será mais no segundo semestre deste ano, como previsto no cronograma, informou a direção da Petrobrás.
Segundo o comunicado, divulgado no dia 12 de julho, há um litígio na Justiça entre a Petrobrás e a empresa responsável pela construção, Kerui Método Construção e Montagem – joint-venture formada pela chinesa Shandong Kerui e a brasileira Método Potencial Engenharia – sobre os valores dos aditivos ao contrato.
Em 2018, o consórcio venceu a concorrência para a construção da UPGN oferecendo o menor valor pela execução do projeto, de R$ 1,94 bilhão. Mas com alterações no projeto, aumentos nos custos devido a variação do dólar e outros problemas gerados pela pandemia, o valor das obras já passa dos R$3 bilhões. Com dificuldades financeiras, a empresa não consegue pagar seus fornecedores e seus trabalhadores.
Nas últimas semanas, o consórcio desmobilizou o quadro de funcionários, estimado em cerca de 1,5 mil trabalhadores, e agora, na UPGN apenas há atividades de preservação dos equipamentos e das instalações.
Pronta, a unidade de processamento de gás do Polo Gaslub seria a maior do país, com capacidade de processamento de até 21 milhões de m³ por dia. O projeto tinha como objetivo ampliar a infraestrutura de escoamento e o processamento de gás do pré-sal da Petrobrás, que passaria de 23 milhões para 44 milhões de m³ por dia. Assim como reduziria a necessidade de importação de gás natural.
O impasse na continuação dessa e de outras obras é fruto da política de desinvestimento da Petrobrás, que nos últimos anos vem suspendendo a ampliação do refino, vendendo refinarias e se desfazendo de ativos na área de distribuição, de fertilizantes, de gasodutos, de transportes, etc. Para o atual governo, o único objetivo da Petrobrás é extrair o petróleo o mais rapidamente possível, exportá-lo em bruto, para distribuir os dividendos, também o mais rapidamente possível, para seus acionistas, na maioria estrangeiros.
Com essa política, o país passa a depender da importação de derivados. No caso do gás, isso é criminoso. Com o preço do produto nas alturas, o governo Bolsonaro deixa que obras como esta do gasoduto Rota 3, que tornaria o país autossuficiente em gás, sejam paralisadas. De janeiro a março deste ano, o Brasil gastou US $2,1 bilhões para comprar gás natural dos EUA. No mesmo período de 2021 o valor foi de US $572,4 milhões, segundo dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil.
Em 2021, a Petrobrás importou 23 milhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito (GNL), superando o recorde anterior de 20 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia), registrado em 2014.
E, para não deixar dúvidas de que a intenção do governo é destruir tudo o que foi feito no passado pelo povo brasileiro, foi anunciada a venda do terreno onde seria implantado o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. Com a paralisação das obras dos gasodutos, a direção da Petrobrás abriu na terça-feira (19) uma consulta formal ao mercado, para avaliar o interesse de empresas em adquirir terrenos ( 2,1 km² de uma área total terraplanada com cerca de 3 km²), onde se construiria o complexo petroquímico.