No mês de julho, enquanto a Petrobrás vendia o litro da gasolina, em média, a R$ 2,52 às distribuidoras, as refinarias que foram privatizadas por Bolsonaro – com a justificativa que os preços iriam baixar – cobravam, em média, R$ 3,10.
A diferença chega a 23%, é o que aponta um levantamento feito pela o Observatório Social do Petróleo (OSP), entidade de pesquisa ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Este é o maior patamar desde que o OSP iniciou a pesquisa, que mede a diferença de preço da gasolina da Petrobrás com as refinarias privadas, em dezembro de 2021, quando foi privatizada a primeira refinaria da estatal, a Landulpho Alves (RLAM), atualmente chamada de Mataripe.
Em maio desse ano, a Petrobrás anunciou sua nova política de preços, extinguindo com a Paridade de Preços de Importação (PPI), prática na empresa desde 2017, que fez com que os preços dos combustíveis se elevassem no mercado interno em níveis nunca vistos na história deste país. O Observatório aponta que o fim do PPI ajudou a ampliar a diferença entre os valores da estatal e as privadas.
No momento, a recordista dos preços mais altos do país é a Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), no Rio Grande do Norte, que foi vendida pelo governo Bolsonaro, em fevereiro de 2022 para o grupo privado 3R Petroleum, junto com Polo Potiguar. A refinaria vende a gasolina a R$ 3,20, valor 27% mais caro do que o da estatal.
A Refinaria da Amazônia (Ream), antiga Isaac Sabbá (Reman) que foi privatizada no final de novembro do ano passado, sob o controle do grupo privado Atem vende o litro a R$ 3,06, o que é 21% mais caro em relação à Petrobrás.
Por sua vez, a baiana Rlam, que está sob o controle do fundo árabe Mubadala Capital e passou a se chamar Mataripe, vende o litro da gasolina a R$ 3,03, a diferença é de 20% em relação ao preço da Petrobrás.
O economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), explica que a Petrobrás tem os preços mais baixos que as refinarias privatizadas porque, primeiro, a estatal é uma empresa integrada, que produz e refina o petróleo. “Sendo assim, ela tem uma margem para absorver variação de preços que é imensamente superior à de suas concorrentes”, disse.
Segundo, Gil Dantas destaca que a Petrobrás é uma empresa estatal e conta com vários fatores para estabelecer o seu preço. “Mesmo quando seu preço era definido pelo PPI, a política de paridade de importação, a companhia manteve por muito tempo preços abaixo dos internacionais, justamente por conta da pressão da opinião pública sobre o governo. E com o fim do PPI, em maio deste ano, a Petrobrás passou a ter maior margem para definir os preços, até porque seus custos não variaram”, concluiu.