O governo elevou em 0,77% o preço do litro da gasolina nas refinarias, passando de R$ 2,0369 para R$ 2,0527, a partir desta quinta-feira (12). É o maior valor desde 23 de maio. O preço vem subindo desde 22 junho (R$ 1,8634) e de lá para cá já são dez aumentos no preço da gasolina.
Como as distribuidoras são livres para estipular suas margens de lucro, o valor médio do valor final – cobrado nas bombas – chegam a mais de R$ 4 o litro, arrancando o couro da população. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor médio para o consumidor final fechou junho em R$ 4,498.
Conforme a ANP, o preço médio da gasolina nas bombas subiu quase 10% no primeiro semestre, mais que o dobro da inflação estimada para todo o ano de 2018, de 4,22% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), projetado pelo Banco Central, através do boletim Focus.
No caso do preço do diesel, o preço segue em R$ 2,0316 desde o início de junho, em função do acordo com os caminhoneiros, após 11 dias da greve vitoriosa. Segundo a ANP, o preço médio por litro do diesel nos postos encerrou junho em R$ 3,389.
Mesmo que tenha feito uma pequena redução no preço do diesel, arrancada a fórceps pela paralisação dos caminhoneiros, o governo Temer mantém a política de reajuste quase que diários no preço da gasolina. Além disso, como o governo está obrigando os estados a também subsidiarem o diesel, a redução da arrecadação com o óleo tem levado os estados a elevaram o ICMS da gasolina para compensar, forçando ainda mais a elevação do preço.
No último dia 3, completou um ano em que os preços dos combustíveis têm com referências os preços internacionais, ficando acima desses aqui no Brasil. Resultado: turbinaram as importações de empresas privadas, inclusive multinacionais, levando a uma ociosidade de 32% nas refinarias da Petrobrás, com o conseqüente aumento de preço dos combustíveis. Em um ano o preço da gasolina nas refinarias subiu 52,4% e o do óleo diesel, 49,9%.
De acordo com a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), os preços praticados pelo então presidente da Petrobrás, Pedro Parente, estavam acima da paridade internacional. “Foram praticados preços mais altos que viabilizaram a importação por concorrentes. A estatal perdeu mercado e a ociosidade de suas refinarias chegou a um quarto da capacidade instalada. A exportação de petróleo cru disparou, enquanto a importação de derivados bateu recordes. A importação de diesel se multiplicou por 1,8 desde 2015, dos EUA por 3,6. O diesel importado dos EUA que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 deve chegar a 82% do total importado pelo Brasil”.
Contudo, a política extorsiva de preços dos combustíveis de Temer é a exacerbação da política de Dilma. Entre o fim do primeiro mandato da petista e o fim de seu segundo mandato, a gasolina aumentou em 21%. Em março de 2015, o litro da gasolina no Brasil estava 62% acima do preço internacional, de acordo com números da ANP.
Além do mais, ainda seguindo as cotações internacionais, o governo tem aumentado sistematicamente o preço do gás de cozinha (GLP) nas refinarias, atualmente em R$ 23,10, mas que, dependendo da localidade, chega a mais de R$ 100 ao consumidor o botijão de 13 kg. O resultado é que o país retrocedeu no tempo, principalmente nas localidades mais pobres. Conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1 milhão e 200 mil brasileiros tiveram de recorrer à lenha ou carvão para cozinhar em todas as regiões.
Se por um lado a política é de estrangular o país e esfolar a população, em plena crise, na outra ponta a conversa é outra.
Favorecimento aos bancos com uma taxa real de juros nas estrelas, uma das maiores do mundo, e favorecimento aos monopólios. No último dia 6, por exemplo, Temer publicou uma medida provisória estabelecendo um programa que transfere às montadoras R$ 1,5 bilhão ao ano de recursos públicos, durante 15 anos.
Mesmo recebendo benesses dos governos Dilma e Temer, o setor automotivo foi um que mais demitiu durante esses anos. Milhões de brasileiros na rua da amargura é uma das faces mais criminosas desses governos. Até junho deste ano, o índice de desemprego ficou em 12,7%, o que representa cerca de 13 milhões de desempregados. Com o subemprego e o desalento, esse número aumenta para 27 milhões de pessoas.
Isso em uma situação em que há proibição de investimentos públicos por 20 anos. O que está implicando em redução dos recursos da saúde, educação, transporte e demais setores – pacientes nos corredores dos hospitais, universidades funcionando precariamente, o povo sendo transportados como sardinha em lata etc. -, beirando o caos.
O Brasil não cabe nessa camisa-de-força. E é por isso que se estabeleceu um consenso na população: repúdio geral ao governo Temer, beirando 100%.
VALDO ALBUQUERQUE