Há um escandaloso limite nos gastos sociais e de investimentos, mas não há nenhum limite imposto aos bilhões pagos de juros aos bancos. É uma gastança desenfreada e parasitária
O mercado financeiro – leia-se, meia dúzia de bancos e donos de títulos que ganham com a alta dos juros, – quer cortar os benefícios sociais da Previdência Social e as verbas de Saúde e Educação para aumentar ainda mais os seus ganhos bilionários.
Eles receberam dos cofres públicos nos últimos 12 meses, só de juros, R$ 776 bilhões, enquanto as verbas de Saúde, Educação e Assistência Social, que atendem milhões de pessoas, somadas não atingem esse valor.
No Brasil há um escandaloso limite nos gastos sociais e de investimentos mas não há nenhum limite imposto aos bilhões pagos de juros aos bancos. É uma gastança desenfreada e parasitária.
E eles acham que podem embolsar cada vez mais exatamente porque os juros são uma despesa sem nenhum limite. Como o dinheiro é um só e vem do Orçamento Geral da União, eles gritam contra os gastos com a Previdência Social, contra os investimentos e os serviços públicos. Querem tudo para eles.
Entre juros e amortizações, os banqueiros e rentistas estão levando quase metade de todo o Orçamento Geral da União. O resto do país, ou seja, a Ciência e Tecnologia, os investimentos públicos, as obras de infraestrutura, Saúde, Educação, Segurança, e tudo o mais, fica com a outra metade. País nenhum do mundo suporta uma situação como esta por muito tempo.
Mas a ganância dos banqueiros não tem limites. Seu representante no Banco Central faz de tudo para manter os juros altos. Qualquer coisa é pretexto para elevar a Selic e, assim, aumentar as transferências dos cofres públicos para os bancos. Atualmente eles estão a fazer um grande estardalhaço em torno de um suposto “desequilíbrio fiscal” – que não existe – para forçar o governo Lula a cortar verbas sociais e aumentar seus ganhos.
A proposta de cortes sociais, defendida pela Faria Lima, e que passou a fazer parte do cardápio da equipe econômica do governo, se for aprovada pelo presidente Lula, vai retirar verbas de milhões de brasileiros que trabalham, ou que trabalharam a vida toda, e que recebem uma miséria, para concentrar nas mãos de um punhado de endinheirados que vive da parasitagem e do ócio.
Os gastos públicos, que são alardeados como exagerados, não são aqueles dirigidos ao povo e aos empresários produtivos do país. Os juros é que são a verdadeira sangria desenfreada. A cada um ponto percentual de elevação na taxa Selic, o país paga R$ 40 bilhões a mais todos os anos aos banqueiros.
O Banco Central, dirigido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, mantém o Brasil como um dos campeões mundiais dos juros altos. Com isso, o setor produtivo brasileiro é asfixiado e o país se endivida cada vez mais.
O próprio Lula disse várias vezes, durante seu terceiro mandato, que não há problema algum no governo fazer dívida, desde que os juros sejam decentes e os recursos sejam destinados aos investimentos para gerar novos ativos que vão render mais para o país.
É isso o que ocorre quando o país aposta no crescimento. Criam-se empregos, ampliam-se os ativos, o país se desenvolve e a arrecadação cresce. Mas, não é isto o que vemos hoje no Brasil. A dívida aumenta, não por conta de investimentos, mas porque os juros altos sugam cada vez mais do Tesouro Nacional.
E como se todo esse parasitismo não bastasse, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, insistiu em criar limites rígidos aos investimentos do Estado e em buscar zerar as contas públicas já em 2024. Uma meta que nem mesmo o mercado financeiro esperava que fosse almejada.
O “arcabouço fiscal” espremeu os investimentos e está impedindo o país de crescer no ritmo que é possível e necessário. Ou seja, o ministro da Fazenda restringiu os investimentos públicos e achou que conseguiria aumentar a arrecadação. Agora, quer que o país pague por seu dogmatismo e por sua fixação em agradar o mercado financeiro.
A política fiscal restritiva que Haddad insiste em manter e aprofundar limita as ações do governo, impede o país de crescer e, por conta disto, o Brasil segue com a economia estagnada. Como solução, o ministro aponta dois caminhos a seguir. Os dois são desastrosos.
Primeiro quer arrochar servidores públicos e professores e sugar o já espremido setor produtivo nacional, como tentou fazer com os créditos do PIS/Cofins. E, segundo, como se fosse pouco os problemas que já criou, deposita no colo do presidente Lula o “abacaxi” de zerar o déficit com cortes de verbas sociais e previdenciárias e mais redução nos investimentos públicos.
SÉRGIO CRUZ