Reajustes já estão bem acima da inflação
Em 2022, o reajuste das mensalidades escolares deve ser maior dos últimos 5 anos, apontou um levantamento feito pela Meira Fernandes, empresa especializada em estudos educacionais, que foi divulgado nesta quinta-feira (25).
Ao sondar cinco estados do país, a consultoria constatou que 16% das escolas que pretendem aumentar a mensalidade no próximo ano farão aumentos na casa dos dois dígitos. Desde 2017, os preços vinham subindo menos de 10%.
Em escolas do Rio e de São Paulo, os reajustes chegam até 14% e 13%, respectivamente, o que deve apertar o orçamento das famílias que já sofrem com a inflação, que está em marcha acelerada, corroendo a renda do brasileiro.
As instituições justificam que têm gastos extras com educação remota na pandemia e devem dar aos professores um aumento salarial. A Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP ) estima que as mensalidades, reduzidas ao longo de 2020 para a retenção dos alunos, devem ter um reajuste médio de até 10%.
Segundo o presidente da FENEP, Bruno Eizerik, as escolas privadas também estão sendo pressionadas pelo peso da inflação. “O setor educacional não está em uma bolha, imune ao que está acontecendo no país. Imaginamos que vai ser muito difícil fugir de um aumento de dois dígitos, em média”, afirmou Eizerik ao Globo.
Sob o governo Bolsonaro, os preços dos alimentos, dos aluguéis, dos combustíveis, da energia, e do câmbio dispararam, e estes itens são levados em consideração na hora de reajustar as mensalidades.
Para Mara Rodrigues, de 35 anos, mãe de uma filha de sete anos, “a mensalidade já está muito cara”. “Hoje já estou substituindo vários produtos por outros mais baratos na cesta de alimentos e de limpeza para conseguir pagar a escola”, declarou. “Ainda tem o transporte com a gasolina no absurdo que está. Não sobra quase nada”.
De acordo com o IBGE, a prévia da inflação de novembro apurada pelo IPCA-15 registrou avanço de 1,17% – o maior para o mês dos últimos 19 anos – e acumula alta de 10,73% em 12 meses. A gasolina exerceu maior pressão individual na prévia da inflação, com alta de 6,61% apenas na passagem de outubro para novembro.
Outro indicador que afeta o orçamento das escolas é o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que no governo Bolsonaro vem batendo recordes de altas. Conhecido popularmente como “inflação do aluguel”, o IGP-M acumula alta de 16,74% no ano, e 21,73% em 12 meses, segundo os dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). 60% da composição do IGP-M tem como referência os preços internacionais das commodities, que flutuam conforme a cotação do dólar.