Montante para Nova Indústria é de R$ 300 bilhões em quatro anos
Em 2023, o gasto do setor público (União, Estados/municípios e estatais) com o pagamento de juros a bancos e demais rentistas foi de R$ 718,3 bilhões (6,61% do PIB). Em 2022, este gasto havia ficado em R$ 586,4 bilhões, segundo dados do relatório de “Estatísticas fiscais”, divulgados pelo Banco Central (BC) nesta quarta-feira (7).
Ou seja, com o Banco Central mantendo a taxa básica de juros (Selic) acima dos dois dígitos em 2023, a transferência de renda de toda a sociedade brasileira, via juros, a bancos foi elevada em R$ 131,9 bilhões de um ano para o outro.
O montante pago de juros em todo o ano de 2023 ultrapassa em léguas, por exemplo, o que foi pago pelo governo federal de janeiro a dezembro em Educação (R$ 136 bilhões), Saúde (162,4 bilhões), Ciência e Tecnologia (12,7 bilhões), Defesa Nacional (82,7 bilhões), segundo dados do “Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Governo Federal e Outros Demonstrativos” (anexo 2), publicado pelo Tesouro Nacional, em 30 de janeiro deste ano.
A soma de R$ 718,3 bilhões de juros também é quase 2,4 vezes maior que o montante disponibilizado inicialmente pelo governo federal so programa “Nova Indústria”, plano que prevê R$ 300 bilhões em financiamentos e subvenções para o setor em quatro anos, ou R$ 75 bilhões por ano.
Mas ao contrário do gasto com os juros, que além de elevar a dívida pública está desestimulando a economia brasileira, a soma de R$ 300 bilhões para indústria perturba o sono dos aduladores do chamado “mercado”, que se apresentam na mídia como “fiscais” das contas públicas, vulgos “fiscalistas”, quedesde o lançamento do programa em janeiro, não param de dizer que o governo está sendo irresponsável com as contas públicas, que o plano irá comprometer as metas fiscais da equipe econômica de déficit zero este ano, etc.
Quanto à farra dos, o grande gasto público, nenhuma palavra. Investir em saúde, educação, segurança pública, investimentos e salários, é uma “irresponsabilidade”
Os gastos com juros alcançaram o maior percentual desde 2015 (8,37% do PIB). O setor público registrou um déficit primário de R$ 249,1 bilhões no ano passado. Assim, “o resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 967,4 bilhões (8,90% do PIB) em 2023, ante R$ 460,4 bilhões (4,57% do PIB) em 2022″, disse o Banco Central, em seu relatório.