Apenas no mês de setembro, a transferência de recursos públicos para o sistema financeiro atingiu R$ 81,7 bilhões
O gasto do setor público (União, Estados/municípios e estatais) com juros foi elevado em 107,7 bilhões de um ano para outro. De acordo com os “Resultados fiscais”, apurado pelo Banco Central (BC), no acumulado em doze meses até setembro, o gasto com juros chegou a R$ 699,7 bilhões (6,65% do PIB). Para o mesmo intervalo de meses de 2022, o setor público havia desembolsado R$ 592,0 bilhões.
No mês de setembro, o montante de juros pagos pelo setor público somou R$ 81,7 bilhões. No mesmo mês de 2022, o gasto foi de R$ 71,4 bilhões. Com o resultado – da transferência de recursos públicos, via juros, a bancos e rentistas-, o setor público registrou déficit primário (resultado negativo entre as receitas e despesas) de R$ 18,1 bilhões em setembro, ante ao superávit registrado em setembro do ano passado de R$ 10,7 bilhões.
Com a política de juros altos do BC, que se dá pela taxa básica de juros (Selic) em níveis elevados, foi registrado no mês de setembro déficits de R$ 16,5 bilhões no governo central, de R$ 1,1 bilhão nos governos regionais e de R$ 500 milhões nas empresas estatais.
No acumulado de doze meses até setembro, o setor público registrou déficit de R$101,9 bilhões, o que equivale a 0,97% do PIB e uma alta de 0,27 pontos percentual (p.p) ao déficit acumulado até agosto.
Assim, destaca o BC: “o resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 99,8 bilhões em setembro. No acumulado em doze meses, o déficit nominal alcançou R$ 801,6 bilhões (7,62% do PIB), 0,32 p.p. do PIB superior ao déficit acumulado até agosto”, diz trecho do relatório.
A transferência de recursos públicos para o pagamento de juros deve continuar elevada para os próximos meses, diante da decisão do BC de realizar cortes a conta-gotas na Selic, que o hoje está em 12,25% ao ano. Em decorrência disso, a atividade econômica brasileira segue desacelerando frente à restrição dos investimentos, do alto grau de endividamento das empresas e das famílias e da baixa demanda de bens e serviços no país.