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“Todas as demais propostas não funcionarão. Elas apenas agravarão as acusações de interferências externas e de desrespeito ao direito internacional”, acrescentou o assessor especial para assuntos internacionais de Lula
O assessor especial para Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Celso Amorim, condenou a intenção criminosa de Donald Trump, atual ocupante da Casa Branca, de expulsar os palestinos de Gaza e construir no local um empreendimento imobiliário de luxo chamado “Riviera do Oriente Médio”.
O anúncio de Trump e Netanyahu foi repudiado por quase todos os países do mundo e classificado como limpeza étnica e crime contra a Humanidade.
“Gaza é dos palestinos e tem que ser respeitada dessa forma”, disse Amorim à BBC News Brasil em breve conversa na quarta-feira (12), às vésperas de ele embarcar para a Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha.
A crítica de Amorim está em sintonia com o presidente Lula, que também condenou a iniciativa. “Os EUA participaram do incentivo a tudo que Israel fez na Faixa de Gaza. Então, não faz sentido se reunir com o presidente de Israel e dizer: ‘nós vamos ocupar Gaza, vamos recuperar Gaza, vamos morar em Gaza.’ E os palestinos vão para onde, onde vão viver? Qual o país deles?”, disse Lula no dia 5 de fevereiro durante entrevista a rádios de Minas Gerais.
Com mais de 50 anos de experiência em diplomacia, Amorim reconheceu que o mundo, na sua opinião, passa por um momento mais instável e que a chegada de Trump ao governo americano seria mais um elemento nesse contexto de imprevisibilidade. “A Faixa de Gaza é uma parte integral da Palestina e a Palestina tem que ser um Estado independente convivendo com Israel de maneira pacífica. Esse é o único caminho possível e pensável”, prosseguiu o diplomata.
Segundo o assessor de Lula, qualquer proposta que não preveja a existência de um Estado Palestino soberano na região estaria fadada ao fracasso. “Todas as demais propostas não funcionarão. Elas apenas agravarão as acusações de interferências externas e de desrespeito ao direito internacional. Ao que me consta, isso foi falado [por Trump], mas não foi feito como proposta formal. E espero que não seja”, destacou Celso Amorim.
A região da Faixa de Gaza foi severamente destruída por bombardeios ordenados pelo ditador israelense Benjamim Netanyahu. Cerca de 60 mil civis, na maioria mulheres e crianças foram mortas pelas bombas israelenses. Gaza foi literalmente destruída e se transformou num amontoado de escombros com milhares de pessoas enterradas. Mais de 1,5 milhão de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas para não serem assassinados pelas hordas fascistas de Tel Aviv.
A monstruosidade de Netanyahu contra a população palestina foi vista por Donald Trump como uma grande oportunidade para fazer negócios e ganhar dinheiro. Seu pretexto para lançar a ideia “Riviera do Oriente Médio” sobre cadáveres – como disse Lula – foi baseado na mentira de que como está, a região “não seria segura para o retorno dos milhões de palestinos que tiveram de se deslocar em busca de um lugar seguro”. A pessoas fugiram das ações criminosas dos nazi-israelenses.
O cinismo é tão grande que o seu enviado especial para a região, Steve Witkoff, é ninguém menos do que um bilionário investidor do setor imobiliário. Ele deve ter ido farejar os negócios rentáveis tanto para si quanto para Trump, que também é do ramo.