O novo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marcos Antonio Amaro, afirmou que Augusto Heleno, que chefiou o órgão no governo Bolsonaro, “arranhou” sua institucionalidade com manifestações e atuação política.
Amaro chega ao Gabinete com a missão de reestruturá-lo após demissão em massa de pessoas ligadas a Heleno realizada por Ricardo Cappelli, que comandou o órgão interinamente.
Pelo menos 90 funcionários foram demitidos na renovação de quadros, que aconteceu a pedido de Lula.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o general Amaro falou que a “institucionalidade foi arranhada” quando Augusto Heleno foi indicado por Bolsonaro para chefiar o GSI por ser politicamente próximo a ele, e não por sua carreira militar.
“O general Heleno já estava há dez anos fora [do Exército]. Quando veio para cá, já veio com essa carga política, já tinha feito campanha para Bolsonaro. Ou seja, ele veio realmente já assim desconstruindo um pouco essa institucionalidade que tem o GSI”, avaliou.
“Desde que se criou o GSI, primeiro foi o general [Jorge] Felix, depois o general Elito [Siqueira]. Todos vieram para cá com quatro estrelas, entendendo, fardado, um papel institucional de militar que vai chefiar o GSI”, continuou.
Já Heleno assumiu o GSI visando apoio político para Jair Bolsonaro.
Augusto Heleno já deu declarações golpistas e usou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar a vida de adversários políticos de Bolsonaro.
Para o novo chefe do GSI, “não interessa em quem ele [algum servidor] votou, o próprio presidente da República fala isso. Não pode é ter manifestação política, partidária, no exercício da função”.
Oito dias depois de Augusto Heleno deixar o GSI, apoiadores de Jair Bolsonaro realizaram a tentativa de golpe de Estado e invadiram o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional.
Servidores do GSI indicados por Augusto Heleno foram filmados interagindo com terroristas dentro do Palácio do Planalto e até distribuindo água.
Agora que a estrutura está sendo renovada, o general Amaro acredita que a politização dentro do Gabinete “está sendo vencida”. “Há necessidade de continuação desse esforço de ter institucionalidade do GSI. Como tem se buscado de maneira muito clara essa institucionalidade no Exército”, disse o general.
SEGURANÇA PRESIDENCIAL
O general Marcos Antonio Amaro contou que a responsabilidade sobre a segurança do presidente da República deverá voltar para o GSI, depois de ter sido transferida por conta da crise vivida pelo órgão.
Ele também disse que não vai pleitear o retorno da Abin para o GSI, apesar de defender essa configuração.
Para impedir novas invasões do Palácio do Planalto, “uma das medidas é a blindagem desses vidros no térreo. Pretendo blindá-los. Cada vidro que se quebra é uma porta. Quando você não tem uma barreira física para conter, precisa estabelecer uma barreira humana”.
“Os palácios não foram construídos com essa percepção de necessidade de segurança contra invasão, uma visão bem benevolente do espírito passivo do povo brasileiro. O palácio está a 30 metros da rua. Temos que buscar soluções aceitáveis em termos de arquitetura, Iphan, para que aumente a segurança. Tem uma cerquinha, mas é feia, né? Não tinha antes, mas passou haver necessidade”, completou.