Militar se afastou do Ministério da Defesa por discordar das tentativas golpistas de Bolsonaro
O general Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, que se afastou do governo no auge da crise que redundou na demissão dos três Comandantes Militares, assumirá o cargo de diretor-geral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2022, ano das eleições presidenciais. A informação foi publicada pela revista Veja e confirmada pelo HP.
Ele assumirá as novas funções a partir de fevereiro do ano que vem, quando o ministro Edson Fachin toma posse como presidente do tribunal eleitoral no lugar do atual, o ministro Luís Roberto Barroso. Estará sob sua coordenação a área de tecnologia, responsável pelas urnas eletrônicas e softwares utilizados nas eleições. Em agosto, Alexandre de Moraes sucederá Fachin na presidência do TSE.
Nos últimos meses Bolsonaro vinha dando vasão ao seus intentos golpistas e entrou em confronto com integrantes do TSE, principalmente Barroso, ao levantar, sem provas, suspeitas sobre a confiabilidade do sistema eleitoral. Em função dessas provocações, o “capitão cloroquina” passou a ser alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal), sob a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes.
Seu plano era criar um clima de desconfiança no processo eleitoral, como ocorreu na eleição em que Donald Trump foi derrotado nos EUA, para justificar provocações e tumultos programados para antes, durante ou após as eleições. O Congresso Nacional fechou as portas aos planos antidemocráticos de Bolsonaro ao derrotar o projeto defendido pelo Planalto de retroceder o país ao método manual de votação e contagem dos votos.
A escolha do general Azevedo e Silva para o cargo é um gesto que aponta no sentido de que o Tribunal está disposto a constranger qualquer tentativa de Bolsonaro de tumultuar as próximas eleições. O general já atuou como assessor especial do Supremo Tribunal Federal a convite do ex-presidente da Corte, Dias Toffoli.
O general Azevedo e Silva sempre foi uma baliza às tentativas de Bolsonaro de manipular as Forças Armadas. Essa postura de respeito à Constituição foi considerada como um dos motivos para sua demissão. Foi substituído pelo general do Exército Walter Braga Netto, também da reserva. Depois da derrota no Congresso Nacional, Bolsonaro havia diminuído as falas contra as urnas eletrônicas. Recentemente, com as quedas nas pesquisas, ele voltou a atacar o processo eleitoral.