
O militar também criticou o comportamento “vira-latas” de Bolsonaro, conspirando contra o Brasil. “Não vá em outro país buscar interferência”. “Se fizer isso em qualquer país do mundo eu acredito que concorre a crime”
O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz disse que é “inadmissível” a adesão, por parte de políticos brasileiros, especialmente Bolsonaro, à campanha de Donald Trump “Make America Great Again” (“Tornar a América Grande Novamente”).
O boné MAGA de Donald Trump foi utilizado por Jair Bolsonaro, pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e outros políticos aliados. “Esse ambiente de fanatismo trouxe a constatação real do complexo de vira-latas”, avaliou Santos Cruz em entrevista à Jovem Pan.
O Ex-Ministro do Bolsonaro o General Santos Cruz, que saiu do Desgoverno Bolsonaro, por não Compactuar com o Grupo de Milicianos que Desgovernavam o País, sempre Sensato em suas Afirmações !#BolsonaroNaCadeia#dudubananinhacovarde#opixenosso#tarifabolsonaro#SomosTodosXandão pic.twitter.com/nksLl0MSJj
— Carolina Silva (@Carolin98852602) July 23, 2025
Santos Cruz foi ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência no início do governo Bolsonaro, deixando o cargo seis meses depois ao contrariar os planos do clã Bolsonaro de implantar a milícia digital.
Donald Trump impôs sanções de 50% contra os produtos brasileiros sob a justificativa de que está ocorrendo uma “caça às bruxas” no processo contra Jair Bolsonaro. O ex-presidente está apoiando as taxas por enxergar nelas uma possibilidade de fugir da Justiça.
“Não podemos aceitar, seja lá quem for, fazer esse tipo de exigência. Se o nosso Judiciário está certo, se tá errado… Não pode um outro governo querer que o Poder Judiciário de outro país tome a decisão que ele quer, isso não existe”, explicou.
O general falou que os brasileiros devem se unir contra a ingerência dos EUA. “Essa aqui é questão de nacionalismo, questão de vergonha na cara. Não podemos aceitar de um fanfarrão esse tipo de imposição”.
A postura de Bolsonaro a favor das sanções é “inadmissível”, falou. “Quer criticar o governo? A política econômica? Quer bolar greve, convocação geral de público na rua? Faça o que bem entender. Mas não vá em outro país buscar interferência”, criticou o general da reserva.
“Se fizer isso em qualquer país do mundo eu acredito que concorre a crime. Eu não imagino um cidadão americano indo para a China ou Rússia buscar interferência no país dele. Acho que ele vai responder na Justiça”, continuou.
O general Santos Cruz apontou que a legislação brasileira garante e até financia a oposição com dinheiro público. “Tem dinheiro público para facilitar o trabalho de oposição. Arregimenta partido, arregimenta parlamentares e o público, faz tudo… Mas não vai em outro país buscar interferência no seu”, insistiu.
Na entrevista, Santos Cruz sugeriu que Jair Bolsonaro é uma tentativa de cópia de Donald Trump. “Nosso fanatismo é uma cópia do de lá. Se for ver as atitudes do ex-presidente nosso aqui e do presidente lá, são muito semelhantes. A coisa populista, a tirada de arrogância”.
GOLPE DE ESTADO
O general Santos Cruz afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro deu o “exemplo de desrespeito” às instituições nos diversos discursos em que atacou o Supremo Tribunal Federal (STF). Ao mesmo tempo, Bolsonaro acusou de fraudes as eleições de 2022 sem conseguir apresentar nenhuma prova.
“Um presidente da República não pode dizer que não vai cumprir ordem do ministro ‘tal’ porque está dando um exemplo de desrespeito. O presidente não pode dizer isso, senão ele gera uma cascata de desrespeito na sociedade”, disse.
Para o militar, Jair Bolsonaro “tinha a obrigação de reconhecer” a derrota assim que ela foi confirmada. Se isso tivesse ocorrido, o país “não tinha passado por aquelas cenas ridículas entre o segundo turno e o início do atual governo. Não teria 8 de janeiro, acampamento em frente ao quartel, não tinha nada”.
“O presidente da República [na época, Bolsonaro] tem que dizer ‘minha gente, volte para casa’. Ele é o responsável pela paz social. Ele tinha que ter se manifestado. O ex-presidente, quando perdeu a eleição, o comportamento foi tão tumultuante que desaguou no que temos hoje”, comentou.