O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo, chamou de irresponsabilidade a manifestação convocada por apoiadores do governo Bolsonaro contra o Congresso Nacional e o STF no próximo dia 15 de março. O general usou sua conta no twitter para mostrar sua insatisfação com o uso indevido das Forças Armadas pelos organizadores do ato.
“Exército Brasileiro – instituição de Estado, defesa da pátria e garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem. Confundir o Exército com alguns assuntos temporários de governo, partidos políticos e pessoas é usar de má fé, mentir, enganar a população”, afirmou o general, numa clara postura crítica a Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que recentemente disse que o Congresso está “chantageando o governo”.
No último dia 18, durante uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente da República, em que se discutia a negociação com deputados e senadores para a aprovação do Orçamento de 2020. Os parlamentares cobraram o cumprimento pelo governo de suas emendas ao Orçamento de maneira impositiva, como aprovado no parlamento.
Augusto Heleno, enquanto esperava Jair Bolsonaro para a cerimônia de hasteamento da bandeira, em frente ao Palácio da Alvorada, em conversa com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), foi flagrado em áudio dizendo aos colegas: “Nós não podemos aceitar esses caras chantageando a gente o tempo todo. Foda-se”.
Depois de ter feito um acordo com o Congresso, o Planalto quer voltar atrás e decidir sozinho onde aplicar os recursos da União. Heleno disse, na reunião, que o governo não pode ceder às chantagens dos parlamentares e que Bolsonaro deveria convocar o povo para protestar.
A reação bolsonarista foi imediata. A milícia digital iniciou a convocação nas redes sociais da manifestação pelo fechamento do Congresso para o dia 15 de março.
Depois, Augusto heleno usou as redes sociais para insistir nos ataques aos parlamentares, dizendo que deputados e senadores prejudicam “a atuação do Executivo” e isso “contraria os preceitos de um regime presidencialista”. “Se quiserem parlamentarismo que mudem a Constituição”, continuou Heleno.
Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e David Alcolumbre, ambos do DEM, já haviam reagido à ameaças de Heleno.
“Uma pena que o ministro com tantos títulos tenha se transformado em um radical ideológico, contra a democracia, contra o Parlamento. Eu não vi por parte dele nenhum tipo de ataque ao Parlamento quando a gente estava votando o salário dele, como militar da reserva”, disse Maia.
Davi Alcolumbre (DEM-AP) disse que “isso é inacreditável” e relatou a pessoas próximas que se sentiu ofendido. Em nota, o presidente do Senado manifestou que que “nenhum ataque à democracia será tolerado pelo Parlamento”.
“O momento, mais do que nunca, é de defesa da democracia, independência e harmonia dos Poderes para trabalhar pelo país. O Congresso Nacional seguirá cumprindo com as suas obrigações”, frisou Davi Alcolumbre.
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