“Eu coloco o meu nome à disposição do partido”, disse o militar que já foi ministro de Bolsonaro e saiu acusando o governo de ser controlado por uma “milícia fanática
O general Carlos Alberto Santos Cruz afirmou neste fim de semana que colocou seu nome à disposição do Podemos para ser candidato à Presidência. “A Renata Abreu (presidente do Podemos) tem, por enquanto, a ideia de uma candidatura própria. Eu coloco o meu nome à disposição do partido”, disse Santos Cruz ao jornal O Estado de S. Paulo, mostrando preocupação em unir ao centro, para quebrar a polarização política.
O militar, que foi ministro de Bolsonaro e saiu do governo denunciando que um grupo de fanáticos tomou conta do governo, afirmou que a decisão de se apresentar à convenção do partido surgiu após Moro trocar o Podemos pelo União Brasil. “A convenção deve decidir a candidatura”. Para o general, “as forças políticas de centro precisam mostrar capacidade de apresentar à sociedade brasileira pelo menos mais uma opção viável, equilibrada, para a próxima disputa presidencial”.
Santos Cruz afirmou, ainda, que, caso haja uma convergência entre os partidos de centro para o lançamento de uma candidatura única, ele apoiará o nome que for escolhido pela chamada terceira via. A decisão de Santos Cruz de lançar seu nome à Presidência pode servir para atrair o eleitorado identificado com Moro e com os militares, que, segundo as pesquisas, havia migrado em parte para Bolsonaro.
O general disse, também, que assume desde já o compromisso de propor o fim da reeleição para os cargos do Executivo e a ampliação do mandato presidencial para cinco anos. Além disso, defendeu o fim do foro privilegiado, reservando-o, no máximo, aos chefes dos três Poderes. “Essas duas medidas são minhas prioridades, aliadas ao combate à desigualdade.”
Recetemente, Santos Cruz se distanciou ainda mais do antigo aliado ao condenar enfaticamente a tortura no período da ditadura. “A tortura é imoral e errada, seja quando for. Não pode ser aceita”, disse o militar, em entrevista ao site UOL, nesta terça-feira (19).
O comentário foi feito após a divulgação nesta semana de áudios das sessões secretas do Superior Tribunal Militar (STM), do período de 1975 até 1985, nas quais os ministros admitem a existência da tortura de presos políticos. Em falas impressionantes, umas indignadas e outras minimizando a violência, são descritas as torturas e sevícias sofridas pelos opositores do regime.
As revelações provocaram reações diversas. Na maioria da sociedade houve repúdio ao que ocorreu naquele período. O vice-presidente Hamilton Mourão ironizou, perguntando se queriam ressuscitar os mortos. Bolsonaro segue até hoje fazendo apologia da tortura. Ele fez uma homenagem ao maior torturador do regime de 64, o coronel Brilhante Ustra, responsável por várias mortes e desaparecimentos.