Para o presidente do BC, o crescimento do emprego informal – biscate, camelô, trabalho por conta própria e o sem carteira de trabalho – significa “recuperação” da economia. “Quando se sai da recessão, começa a gerar emprego assim”, declarou o banqueiro Ilan Goldfajn. Quando se está em crise também.
O desemprego no país cresceu 7,8% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, o que significa que mais de 939 mil pessoas foram para o olho da rua em um ano como resultado da crise econômica que a cada dia se aprofunda graças à política de Temer. A taxa de desocupação, de 12,4% no trimestre encerrado em setembro representa, em números, um universo de 13 milhões de desempregados.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), cujas estatísticas passaram a ser o retrato, ainda não muito preciso, do crescimento perverso do desemprego e da informalidade do país.
Divulgada no dia 1º pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pnad mostrou que dos 91,3 milhões de pessoas ocupadas no período, 22,9 milhões trabalhavam por conta própria (aumento de 1,8% com relação ao segundo trimestre do ano); e 10,9 milhões eram empregados sem carteira assinada (mais 2,3% sobre o trimestre anterior).
O trabalho com carteira assinada, por sua vez, atingiu no trimestre de julho-agosto-setembro o seu menor patamar da série histórica da Pnad: 33,3 milhões de vagas – que é 810 mil a menos do que um ano atrás, por exemplo.
O aumento do número de pessoas que sem encontrar trabalho digno se submetem à situação degradante dos chamados “bicos” – que é o que constitui o trabalho informal – nada mais é do que o sintoma da profunda crise econômica. Para o governo que tenta se aproveitar de qualquer coisa para validar sua campanha de “fim da recessão”, o aumento da informalidade é, ao contrário de uma tentativa desesperada de sustento quando não restam alternativas, um sintoma da “recuperação”.
“Foi colocado aqui que a taxa de desemprego está caindo por conta do emprego por conta própria ou sem carteira. Isso é verdade, mas na recuperação se dá assim. Quando se sai da recessão, começa a gerar emprego assim”, afirmou o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, ao propagandear a redução de 0,6 ponto percentual na taxa de ocupação em relação ao trimestre de abril a junho de 2017 (de 13,0% para 12,4%).
“Mas quem está crescendo?”, questionou Cimar Azeredo, responsável pela pesquisa. “O emprego sem carteira e conta própria, que são marcados pela informalidade”. “Na comparação com o mesmo período de 2014, o Brasil perdeu 3,4 milhões de empregos com carteira de trabalho assinada”, ressaltou.
Trabalhar sem carteira assinada também significa salários mais baixos, perda de direitos como o FGTS e seguro-desemprego, além da restrição de licença e férias remuneradas – entre outros ataques aos direitos dos trabalhadores. Sem contar a redução consequente de contribuições para a Previdência (ler matéria na página).
PRISCILA CASALE
Os caras dão um golpe. Congelam o desenvolvimento por 20 anos, regulamentam o bico e o biscate, acabam com a aposentadoria pública, instalam a impunidade criminal na política, acabam com todos os projetos de investimentos, entregam todas as empresas públicas. Só falta começar a matar os miseráveis deste país.