
“A reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável e que essa retomada ocorra sobre prisma o da justiça social”, afirmou Geraldo Alckmin
Com a presença do presidente Lula, tomou posse nesta quarta-feira (4), em solenidade no Palácio do Planalto, o novo ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). No discurso, Alckmin afirmou que o Brasil passou por um processo “precoce” de desindustrialização e defendeu a reindustrialização do país.
UNIÃO E RECONSTRUÇÃO
“A reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável e que essa retomada ocorra sobre prisma o da justiça social”, afirmou Geraldo Alckmin. “Determino que sejamos claros quanto aos nossos propósitos. Hora de união e reconstrução”, acrescentou o ministro. Ele também disse que a retomada da indústria será feita sob o prisma da justiça social. “O momento nos impõe o trabalho incansável pelo emprego e distribuição de renda em apoio à indústria, ao comércio e ao setor de serviços.”
Ele destacou a importância da atuação conjunta com o Ministério da Ciência, Tecnologia e inovação e citou a nova ministra da pasta, a engenheira Luciana Santos. O ministro lembrou que a participação da indústria no PIB do Brasil atualmente é de 11,3%, quando já foi de 25%. Apesar de ter reduzido seu tamanho em relação à riqueza produzida pelo país, Alckmin destacou que o setor é responsável por 29% da arrecadação de impostos.
O novo ministro comparou a situação da indústria brasileira com outros países da década de 1980 até 2020 e constatou que enquanto a economia americana mais que dobrou de tamanho, a do mundo ficou três vezes maior e a da China cresceu 47 vezes. A do Brasil cresceu apenas 20% neste período enquanto sua população quase dobrou de tamanho. Ele citou o plano de metas de Juscelino Kubitschek e o slogan “50 anos em 5” como exemplos as serem seguidos.
O novo ministro comparou a situação da indústria brasileira com outros países entre 1980 e 2020 e constatou que enquanto a economia americana mais que dobrou de tamanho, a do mundo ficou três vezes maior e a da China cresceu 47 vezes. Enquanto isso, a do Brasil cresceu apenas 20% neste período
Alckmin declarou ainda ser “essencial” integrar o Brasil às cadeias globais de comércio e que o país “dará exemplos positivos” a partir de agora. Neste sentido, o vice-presidente ainda defendeu o diálogo com os empresários brasileiros. “Será da conciliação entre estado e setor privado que resultará a ampliação da integração do Brasil ao mundo”, afirmou.
Assista a posse de Geraldo Alckmin
Ele informou que o MDIC terá na sua estrutura a Câmara de Comércio Exterior (Camex), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O vice-presidente ainda disse que o ministério buscará novos mercados para produtos brasileiros e valorização da imagem do Brasil como “potência agroambiental”, mas que também exporta aeronaves, máquinas e serviços de tecnologia da informação.
INDÚSTRIA COMO ALAVANCA DO DESENVOLVIMENTO
O novo ministro também defendeu que o país tem potencial para ser o “grande protagonista do processo de descarbonização da economia global” e poderá integrar às cadeias globais de valor com investimentos em inovação e novas tecnologias. “O Brasil não pode prescindir da indústria se tiver ambições de alavancar o crescimento econômico e se desenvolver socialmente. Ou o país retoma a agenda do desenvolvimento industrial, ou não recuperará o caminho de crescimento sustentável, gerador de emprego”, afirmou.
Alckmin prometeu reforçar os laços com Conselho Nacional da Indústria (CNI) e fortalecer o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vinculado à pasta e que será presidido pelo ex-ministro Aloizio Mercadante.

“É um banco historicamente vital para políticas estruturadas de desenvolvimento, vamos fortalecer o papel do BNDES como alavanca do desenvolvimento econômico e social”, afirmou. “O MDIC será seu primeiro apoiador”, acrescentou. O ministro disse ainda que o banco deve atuar como um vetor da economia verde no País com investimentos.
“A hora é de união e reconstrução. União porque o esforço de reindustrializar o Brasil, de aperfeiçoar ainda mais nossa agroindústria e todo o parque industrial, agregando-lhes mais valor, e de incluir os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras em nossa economia, não são tarefas episódicas, mas uma obra de todo o governo, comprometido com um futuro melhor e mais justo para o nosso povo”, destacou Geraldo Alckmin.
Ele apontou também a reconstrução, “porque depois de quatro de descaso, de má gestão pública e de desalinho com os reais problemas brasileiros, o presidente Lula, com acerto, determinou a recriação do Mdic [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços], como uma medida fundamental para o Brasil retomar o caminho do seu desenvolvimento, como já ocorreu nos seus governos bem sucedidos”.
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
O vice-presidente e agora ministro ainda elogiou uma das primeira medidas do novo governo na área, que, segundo ele, deve ditar o ritmo das articulações na pasta: a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNI), que criará uma mesa de discussões e negociações entre os setores público e privado.
Segundo Alckmin, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) será a principal alavanca do ministério na retomada da industrialização e da política de desenvolvimento social no País. O ministro-presidente disse ainda que o banco deve atuar como um vetor da economia verde no País com investimentos.

“Os desafios relacionados às cadeias de fornecimentos se proliferam e impactam fluxos de comércio.O Brasil de agora dará exemplos positivos, enfrentará riscos de maneira construtiva. Estamos seguros de uma maior integração do comércio exterior brasileiro no mundo. O comércio exterior é fundamental para fortalecer indústria e serviços no País”, disse.
Alckmin disse que pretende “reposicionar a imagem do Brasil no mundo”, já que o ministério também incorpora a Câmara de Comércio Exterior (Camex) e a Agência Nacional Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex). Ele disse que sua gestão também vai incentivar a economia inclusiva, criativa e sustentável, com programas de apoio a startups e empreendedorismo inovador.
LEALDADE AO GOVERNO
No final de seu discurso, Alckmin reforçou seu compromisso com Lula (PT): “Saiba que o senhor terá de mim não apenas a lealdade de um ministro que se soma à de um vice, mas minha dedicação integral em prol de uma agenda que contribua para reverter os resultados inaceitáveis que nossa economia vem acumulando nos últimos anos.”
Estavam presentes, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, a ministra do Planejamento, Simone Tebet; do ministro da Justiça, Flávio Dino; do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro; do titular da Educação, Camilo Santana; do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho; da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; do titular de Portos e Aeroportos, Márcio França; e da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
Também acompanham a cerimônia o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo; Celso Amorim, assessor especial de Lula para Assuntos Internacionais; o futuro presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante; a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR); e o líder do partido na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (PT-MG).