A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição em SP, é acusada de comprar itens alimentares destinados a moradores de rua com um superfaturamento de até 400%. Reportagem do portal UOL desta sexta-feira (16) revela que, além do preço dos produtos, a gestão Nunes pode ter favorecido uma empresa ligada ao vereador da base aliada Rodrigo Goulart (PSD). Os itens integram a Operação Baixas Temperaturas, uma ação realizada durante o inverno.
Documentos citados indicam que a prefeitura tem pago cerca de R$ 4,11 por cada garrafa de água mineral de meio litro. A mesma marca é vendida a partir de R$ 0,77 em supermercados da cidade. O superfaturamento, neste caso, supera os 400%.
Goulart, vale ressaltar, foi um dos vereadores que assinou o pedido de abertura de CPI, iniciativa do colega, também bolsonarista, Rubinho Nunes, do União Brasil (UB), para investigar ONGs que fornecem comida para a população vulnerável da capital paulista. A CPI, que se converteu em um tiro no pé do proponente, mirava a atuação do padre Júlio Lancellotti, ligado à Pastoral do Povo de Rua, na região da Cracolândia.
A investigação foi suspensa após diversos vereadores terem retirado a assinatura em razão do repúdio da população à indecorosa proposta. Em junho, a Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para investigar Rubinho por possível abuso de autoridade na formulação da malfadada comissão.
De acordo com o UOL, familiares de Goulart possuem também outros elos com a administração Ricardo Nunes. Um primo dos donos da Prime foi nomeado como chefe de gabinete em uma subprefeitura da zona sul. O salário? “Módicos” R$ 26 mil reais.
O prefeito se absteve de comentar o superfaturamento dos produtos e disse não ver irregularidades no contrato com a Prime. Também negou o possível favorecimento, alegando que a empresa foi escolhida após as outras quatro concorrentes serem desclassificadas por não atenderem “integralmente às exigências quanto à documentação solicitada no edital de licitação”.