
O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, enquanto ainda estava no cargo, realizou dois contratos sem licitação, somando R$ 30 milhões. Diante de suspeitas de fraude, a Advocacia-Geral da União (AGU) anulou os contratos e pediu investigação sobre o caso.
Em novembro de 2020, o Ministério da Saúde se utilizou do contexto da pandemia para colocar as obras, que eram reformas na sede do Ministério no Rio e em um galpão, como “urgentes” e não precisar de licitação.
As obras foram assinadas por um indicado de Pazuello, o coronel da reserva George Divério, que chefiava a Superintendência do Rio de Janeiro.
No caso da reforma de um galpão para guardar arquivos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o contrato era de R$ 9 milhões. Os termos do contrato são mantidos em sigilo pelo Ministério da Saúde.
A empresa escolhida pelo Ministério, sem nenhum critério, foi a LLED Soluções, cujos sócios já se envolveram em um esquema de corrupção com um contrato da Aeronáutica. Eles também são donos da CEFA-3, que não entregou o material de um contrato de R$ 2 milhões.
Como a CEFA-3 está proibida de firmar contratos com o governo brasileiro, seus sócios fundaram a LLED Soluções.
Ainda em novembro, George Divério pediu a reforma, também “urgente” e sem licitação, da sede do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, o que custou quase R$ 20 milhões.
O Ministério considerou urgente colocar luzes automáticas de LED na fachada do prédio, por R$ 1 milhão, e reformar um auditório, colocando 282 poltronas novas, por R$ 2,8 mil cada, somando R$ 790 mil.
Para essa obra, o indicado de Eduardo Pazuello escolheu a empresa SP Serviços, de Magé, que está inscrita como microempresa. A SP Serviços é de Jean Oliveira.
A SP só tinha fechado contratos com a União para obras na fábrica de explosivos da Indústria de Material Bélico (Imbel), ligada ao exército, que era dirigida por George Divério.
É a terceira vez que Divério contrata a empresa de Jean Oliveira sem licitação.
O Jornal Nacional ligou para Jean Oliveira para verificar se ele conhece o coronel George Divério. Segue a conversa:
Repórter: Você conhece o coronel George Divério?
Jean Oliveira: Se eu conheço ele?
Repórter: Sim.
Jean Oliveira: Não. Que que tem a ver?
Repórter: Você não conhece? Nunca esteve com ele?
Jean Oliveira: Não… Conhecer, eu conheço pessoalmente, não.