A suposta superioridade da gestão privada, decantada pelos entreguistas, acaba de ser mais uma vez literalmente demolida. Explodiu ao meio dia de sexta-feira um gasômetro da Usiminas, uma siderúrgica ex-estatal, localizada na cidade de Ipatinga, no interior de Minas Gerais.
A explosão provocou um tremor de 1.8 ponto na Escala Richter e foi sentida em vários bairros da cidade. A quilômetros de distância o estrondo foi sentido. Gases tóxicos foram espalhados pelos céus da região. O tanque que explodiu continha uma mistura de gases utilizada na produção de aço, denominada LDG (Linz Donawitz Gás), também chamado gás de aciaria.
O comércio e as escolas fecharam as portas. A empresa evacuou seus funcionários. Trinta e quatro trabalhadores ficaram feridos na explosão e foram atendidos nos hospitais da cidade. Vidraças de prédios e do comércio espatifaram em vários quarteirões da cidade.
O gasômetro armazena gases que são gerados no processo de produção de aço. Com a explosão, segundo os bombeiros, um dos principais componentes do gás que continha a estrutura que explodiu era o monóxido de carbono. Os responsáveis, como sempre, tentaram minimizar o acontecido, dizendo que os gazes tóxicos eram “inofensivos”. A direção da empresa não queria nem interromper a produção e já queria retomar a rotina como se nada tivesse acontecido. O caso gerou a abertura de inquérito pela Polícia Civil na cidade. Uma perícia preliminar foi feita, mas nenhuma hipótese para a causa foi divulgada. A investigação policial é conduzida pelo delegado Thiago Alves Henrique.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) correu para vistoriar neste sábado (11) o lugar onde o gasômetro explodiu. O órgão solicitou à empresa a apresentação de laudo técnico que ateste que os equipamentos remanescentes têm condições físicas e mecânicas de funcionamento, que o incidente não comprometeu as estruturas necessárias à operação e que a continuidade da operação é segura.
Histórico
A construção da Usiminas foi iniciada em 1958, no governo Juscelino e foi inaugurada no governo Jango. No dia 26 de outubro de 1962, João Goulart inaugurou a Usina Intendente Câmara, unidade industrial da Usiminas. O Sistema Usiminas foi decisivo no processo industrial braileiro e atingiu a produção de 3,5 milhões de toneladas de aço no final da década de 70.
Depois da recessão dos anos 80, a Usiminas, com sua economia normalizada, desenvolveu uma postura mais planejada, buscou tecnologias mais avançadas e maior grau de automação de suas unidades produtivas. Transformou-se no maior complexo siderúrgico de aços planos da América Latina e um dos 20 maiores do mundo. Desde a sua privatização, porém, ela mantém altas transferências de lucros e dividendos para o exterior e vem definhando em volume de produção, como demonstram os relatórios abaixo.
Privatização
A Usiminas foi a primeira estatal a ser privatizada em 1991, resultado da onda neoliberal de Collor de Mello que atropelou a economia brasileira. Sua venda teve uma grande resistência por parte dos trabalhadores. A Rua Primeiro de Março foi fechada à força e se transformou numa praça de guerra. Investidores não puderam entrar na Bolsa de Valores e muitos levaram ovos e outros objetos atirados pela população enfurecida com a entrega do patrimônio público. O leilão chegou a ser adiado, mas um mês depois, em 24 de outubro, Collor de Mello conseguiu privatizar a Usiminas. Ali ele começou a cair.
Ela passou para o controle de grupos internacionais hegemonizados pelos japoneses da Nippon Steel e pela multinacional ítalo-argentina Techint, com sede em Luxemburgo.
Em 2009 a empresa dispensou setecentos trabalhadores em função da queda nas atividades e passou a operar com cerca de 50% da capacidade. De 2011 a 2015 a Usiminas vem apresentando um quadro negativo com perdas de ativos, patrimônio líquido, receitas e resultados agravados em 2015 com o prejuízo de R$3,7 bilhões. Como consequência das perdas em suas contas patrimoniais e de resultado, a empresa sofreu em 2015 com forte deterioração em seus indicadores de margens e rentabilidades. Houve também redução na liquidez de curto prazo. A relação dívida total sobre o patrimônio líquido alcançou o maior nível (85%) em 2015. A guerra entre os dois grupos controladores pelo comando da empresa quase destruiu a Usiminas. A produção atual é menor do que a estatal produzia na década de 70. A produção atual (2017) é de 2,9 milhões de toneladas ao ano.
A ganância dos grupos internacionais e a ineficiência gerencial, provocada pela fome de super lucros, é a causa, não só da queda da eficiência da empresa, como de ‘acidentes’ absurdos como este que ocorreu na sexta-feira. A Usiminas está operando no vermelho desde 2014 e teve um prejuízo de 577 milhões em 2016. Em 2017 deu uma respirada e, no 2º trimestre de 2018, o resultado financeiro foi de R$276,6 milhões negativo, contra R$133,8 milhões também negativo no 1º trimestre. Uma elevação de R$142,8 milhões nos resultados negativos, segundo informe oficial da empresa, referente ao segundo trimestre do ano. Os resultados da empresa estão caindo, mas as remessas para o exterior, através de diversos mecanismos contábeis entabulados entre as matrizes – em Luxemburgo e Tóquio – e sua subsidiária, se mantém firmes.
Foi assim com a Usiminas e foi assim também com a Vale do Rio Doce, que, depois de ser privatizada, aproveitou bem o boom das commodities, ganhou muito dinheiro vendendo ferro para a China e, depois passou a dar prejuízo. A Vale, em sua ganância desmedida, foi responsável pelo maior desastre ambiental de toda a história brasileira, com a poluição criminosa de todo o Vale do Rio Doce, chegando a despejar lixo tóxico até na costa brasileira.
Reação do ‘Mercado’
A reação do mercado de ações à explosão da Usiminas é emblemático do que pensam os atuais acionistas e responsáveis pela ex-estatal. As ações da companhia despencaram após a notícia do desastre. Ou seja, os acionistas se desfazem rapidamente das ações para não terem que responder pelos resultados desastrosos da empresa.
S.C.
Esta situação acontece porque deixam de lado o programa de manutenção cientifica que estas grandes empresas possuem e seguem a risca.
Mariana foi também relaxamento no programa de manutenção, aconteceu o rompimento da barragem e provocou a calamidade do Rio Doce.
As empresas privadas deixam de investir em manutenção, porque consideram gasto, e na realidade é investimento em valor salvado (não vou entrar em detalhes neste simples comentario).
No mundo, (simples pesquisa no Google comprova) há grandes calamidades no setor petrolífero como explosões de gasoduto, oleoduto. Há acidentes no setor elétrico como curto-circuitos gigantescos, explosões em equipamentos de potencia das usinas hidro e termoelétricas, subestações elevadoras e rebaixadoras de tensão.
No Brasil ainda não aconteceu acidentes de grandes explosões e outras calamidades porque a Eletrobras e a Petrobras mantem rigidamente o programa de manutenção cientifica. Vale ressaltar que os programas de manutenção da Eletrobras e da Petrobras são modernos, confiáveis e dos maiores do mundo.
Certamente se privatizarem estas empresas correremos o risco de grandes explosões em gasodutos que estão espalhados pelos estados e municipios no Brasil. Risco de grandes explosões nos gasodutos que atravessam o Brasil, estados, municípios e bairros. Grandes acidentes no setor elétrico, com cabos de Extra Alta Tensão, fios de Alta Tensão que atravessam estados e municipios, subestações subterrâneas de Alta Tensao, subestaçoes de grandes potencias em área urbana .
Sou especialista em manutenção de equipamentos de potencia de Alta e Extra Tensão, hoje estou aposentado, não podia ficar sem comentar.
Acho uma ”maluquice” quererem privatizar grandes empresas estatais como a Petrobras e a Eletrobras e outras, devido também a este risco de segurança pública, ao lado da perda de soberania, de segurança nacional e estrategica