
Após separada do filho de nove anos, Diogo, na fronteira dos EUA, desde o dia 29 de maio, apenas nesta terça-feira e quarta-feira (26 e 27 de junho) a mãe, a brasileira Lídia Karina, pôde reencontrá-lo brevemente, em dois encontros de uma hora cada, descritos pelo advogado dela, Jeff Goldman, como momentos de grande emoção e alegria, mas também de apreensão. Ela levou para ele comida, roupas e brinquedos. O menino parece triste, mas saudável.
Karina é uma das mães das 51 crianças brasileiras que são mantidos em abrigos pelo governo Trump, após separação forçada, sob a política de ‘tolerância zero’. Os breves encontros aconteceram em Chicago, cidade para onde o menino foi levado, e Lídia está com enorme expectativa de que venha a ser favorecida pela medida cautelar concedida pelo juiz Dana Sabraw, que estabeleceu prazo máximo de 30 dias para reunião das famílias separadas.
Diogo está em um abrigo a mais de 1.500 km de onde Lídia, de 27 anos, está provisoriamente hospedada, na casa de amigos brasileiros em Massachusetts, desde que foi liberada no dia 9 de junho. Até então, só vinha falando com o filho por telefone, em ligações de apenas dez minutos, duas vezes por semana.Ela entrou nos EUA em busca de asilo mas acabou considerada imigrante ilegal e detida.
Lídia continua sem saber qual o endereço do abrigo aonde seu filho vem sendo mantido ou como é o local. O encontro foi em outro lugar, conforme acerto entre as duas partes.
As autoridades americanas não facilitam a devolução das crianças separadas. “O governo exige que Lídia e outras duas pessoas com quem ela está morando cedam suas impressões digitais para uma checagem de antecedentes”, que alega que iria levar 22 dias. Um prazo de 22 dias quando há “uma criança envolvida e separada da mãe”, se espanta o advogado.
Em outro relato, um mineiro de 31 anos, que foi entrevistado pela Associated Press, sob condição de não ter seu nome revelado, disse que só falou uma vez com o filho de que foi separado ao entrar nos EUA, por San Ysidro, na Califórnia.
“Ele chorou, estava muito triste”, contou o pai, que está detido em um centro correcional na cidade de Milan, no Novo México. A mulher, que é faxineira, e o outro filho continuam no Brasil. Inicialmente os dois foram levados para um centro de detenção, já lotado. Como alimentação, por dois dias, só Doritos, barras de cereal e suco. Disseram a ele que a separação do filho não seria por mais de cinco dias. Dez dias depois, ficou sabendo que a criança fora para Chicago, no Illinois. Com ajuda de um serviço jurídico por telefone, conseguiu conversar por 20 minutos com o filho, que já está em contato com a mãe, com quem pode falar duas vezes por semana. Ao comparecer a uma entrevista sobre o pedido de asilo no dia 22, perguntou sobre o filho, mas o agente de imigração se limitou a dizer que a criança era “responsabilidade de outro departamento”. Para a advogada Karen Hoffman, “o que essas famílias estão vivendo é uma farsa. Ninguém sabe como será a reunificação. O governo certamente não sabe”.