Um dos cabeças do esquema que assaltou os fundos de pensão Postalis (dos funcionários dos Correios) e no Serpros (dos funcionários do Serpro, o Serviço de Processamento de Dados do Governo Federal) foi solto por Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira (23).
Trata-se de Arthur Mário Pinheiro Machado, o Rei Arthur, preso na Operação Rizoma, deflagrada em abril, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro. A Operação Rizoma foi autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro.
Arthur utilizou serviços de doleiros para gerar dinheiro em espécie no Brasil destinado a pagamento de propina para dirigentes de fundos de pensão para, em troca, investirem nas empresas e fundos de investimentos de Arthur Machado. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Arthur Machado está ligado a 38 sociedades empresariais. “Grande parte da captação de seus recursos parece vir de investimentos de Fundos de Pensão, em especial Serpros e Postalis”, diz a denúncia do MPF. Leia aqui.
A alegação de Gilmar Mendes para soltar o criminoso é um control C-control V das suas outras decisões que liberaram outros membros da quadrilha. Ele admite que os crimes “são graves”, mas são “distantes” no tempo.
Arthur Machado é um testa-de-ferro da “Nova Bolsa” – uma fachada, no Brasil, da NYSE Euronext, grupo de bolsas dos EUA e Europa – e dono da Americas Trading Group (ATG). Marcelo Sereno, ex-secretário nacional de Comunicação do PT, era intermediário entre Machado e os diretores dos fundos, nomeados pelo PT.
Os fundos Postalis e Serpros, sob ordens de Marcelo Sereno, colocaram, ao todo, meio bilhão de reais em “empresas” de Arthur Machado. O dinheiro foi enviado para os Estados Unidos como pagamento de mercadorias que nunca foram compradas. Os doleiros enviaram esse dinheiro para a China para camuflar sua origem fraudulenta. Ainda segundo o MPF, da China esse recurso voltou ao Brasil onde foi dividido entre Machado, sereno e outros membros do esquema criminoso, incluindo os elementos que o PT infiltrou na diretoria dos fundos.
Em julho de 2017, o Postalis declarou um rombo de R$ 7,4 bilhões. Os aposentados dos Correios, em vez de receber o correspondente ao que pagaram ao fundo, passaram a descontar 18% dos seus proventos, por 23 anos, para cobrir esse buraco.
Na semana passada, o ministro soltador de corruptos tirou da cadeia Marcelo Sereno, braço direito do ex-ministro José Dirceu na Casa Civil do governo Lula e ex-secretário nacional de Comunicação do PT, Ricardo Siqueira Rodrigues, Carlos Alberto Valadares Pereira, ambos representantes do Serpros, e Adeílson Ribeiro Teles, ex-chefe de gabinete dos Correios. Antes já tinha soltado Milton Lyra, operador de propina do PMDB, e também preso na operação Rizoma.
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