O operador de propinas do PSDB, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ganhou um presente antecipado de Natal. Ele obteve um habeas corpus nesta sexta-feira (11) para ser solto da prisão. E o Papai Noel foi o notório ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a prisão do ex-diretor do Departamento de Engenharia da Dersa.
Vieira está preso na penitenciária de Tremembé, interior de São Paulo. Ele foi preso no dia 6 de abril.
A prisão preventiva de Paulo Vieira foi decretada pelo juiz do caso atendendo pedido do Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo. Segundo o MPF, Paulo Preto estava ameaçando e intimidando dois funcionários da Dersa que resolveram colaborar com a Justiça. Uma delas é a ex-funcionária terceirizada da Dersa, Mércia Ferreira Gomes. Ela disse que foi ameaçada de morte.
Nesse inquérito, o MPF-SP o acusa e outras quatro pessoas de desviaram recursos, em dinheiro e imóveis, entre os anos de 2009 e 2011, no total de R$ 7,7 milhões, valores da época, durante governos do PSDB. O dinheiro era destinado ao reassentamento de pessoas desalojadas para obras do trecho sul do Rodoanel e de outras duas avenidas de São Paulo.
Mas Gilmar Mendes ignorou as ameaças e alegou que a prisão preventiva de Souza não “encontra amparo em fatos”. Ele se apegou a um detalhe controverso para dizer que as ameaças contra ex-funcionária foram invenções, pois segundo Gilmar, “em nenhum dos casos, houve registro policial”. O não registro policial reforça o fato do quanto a ex-funcionária foi aterrorizada. É um agravante e não um atenuante da culpa de Paulo Preto, como quer fazer ver Gilmar Mendes.
Mas esse é o costume de Gilmar Mendes, perfumar os dejetos evacuados pelos criminosos ricos que ele gosta de soltar da cadeia. Ele já soltou com todo empenho o banqueiro pilantra Daniel Dantas, o mega-picareta Eike Batista, o estuprador Roger Abdelmassih e o mais recente foi Jacob Barata Filho, da máfia dos ônibus do Rio de Janeiro.
A força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro apontou que o ministro foi padrinho de casamento da filha do mafioso e que um advogado do escritório de Gilmar também advoga para Barata Filho.
Documentos do Ministério Público da Suíça, enviados ao Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, revelam que Paulo Preto tinha R$ 113 milhões em quatro contas diferentes. Executivos da Odebrecht também confessaram em suas delações que o ex-diretor da Dersa recebeu subornos no valor de R$ 173 milhões em obras da Prefeitura de São Paulo, na gestão de Gilberto Kassab, atual ministro da Ciência e Tecnologia de Michel Temer.
Na semana passada, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em decisão unânime, negou um pedido de liberdade de Paulo Preto.
LADRÕES (?)
Ladrões invadiram uma casa de Paulo Preto em Campos do Jordão (SP) e descobriram dois cofres. Segundo boletim de ocorrência datado de 30 de abril, quando Souza já estava preso preventivamente na Lava Jato em São Paulo, os ladrões entraram na propriedade de PP nos dias 28 e 29 de abril e levaram um dos cofres e uma quantia aproximada de R$ 7,3 mil, joias, quatro relógios, jogo de faqueiro de prata com 130 peças, três aparelhos de TV, um par de tênis, três óculos escuros, uma bolsa de viagem e dois perfumes femininos. A ocorrência foi registrada no 1.º DP de Campos do Jordão pelo caseiro Sérgio Luiz dos Santos Júnior.
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